terça-feira, 27 de maio de 2008

RepositóriUM continua no top dos repositórios mundiais

Foi hoje publicada a nova edição do Ranking Web of World Repositories, inserida no Webometrics Ranking of World Universities, elaborado pelo Centro Superior de Investigaciones Científicas, o maior organismo de investigação científica de Espanha, que pretende medir o impacto e a visibilidade das universidades na Web.

Nesta nova edição , o RepositóriUM mantém o 11º lugar em termos mundiais absolutos (que já ocupava no primeiro ranking publicado em Janeiro de 2008), apesar das alterações do universo de repositórios em análise e das mudanças na metodologia de cálculo do ranking.

Aliás, o repositório institucional da Universidade do Minho, manteve ou reforçou até a sua posição em termos relativos nesta nova versão. De facto, considerando apenas os repositórios institucionais, ou seja excluindo os repositórios temáticos e/ou colectivos (como o Arxiv, Social Science Research Network, Research Papers in Economics, E-Lis e CiteSeer), que ocupam os primeiros lugares por congregarem as publicações de milhares de autores de múltiplas instituições, o RepositóriUM ocupa o 6º lugar em termos mundiais, o 4º em termos europeus e o 1º a nível nacional (em termos nacionais, para além do RepositóriUM no Top 300 apenas consta o Depósito de Teses e Dissertações da Biblioteca Nacional na 185ª posição).

São portanto resultados muito animadores para a Universidade do Minho e para toda a equipa dos Serviços de Documentação. E são um estímulo para melhorar e aumentar o nosso trabalho, garantindo que continuamos a potenciar a visibilidade da produção científica originada na U.M.

Mas desde já é necessário ter a consciência que, a prazo, será impossível que o RepositóriUM continue a ocupar estes lugares de topo a nível mundial, à medida que as Harvards e Oxfords deste mundo começarem a "povoar" os seus repositórios (o que já está a começar a acontecer). Não é possível que o repositório da universidade que ocupa a 333ª posição no Webometrics Ranking of World Universities, ocupe por muito tempo o 11º lugar (e o 4º lugar entre universidades) no Ranking Web of World Repositories.



quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ai Portugal, Portugal..

Foi hoje divulgado o Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) em 2007, e repete-se o que já se vem sabendo, ano após ano: Portugal é o país com maior desigualdade (onde a repartição de rendimentos apresenta maior disparidade) da União Europeia , ultrapassando mesmo o nível de desigualdade dos Estados Unidos (cujo nível de desigualdade é maior que todos os restantes países europeus).





Um vergonhoso, mas não surpreendente, primeiro lugar nas desigualdades

Sem surpresa, no extremo oposto, ou seja com menos desigualdade na distribuição do rendimento, encontram-se a Suécia e a Dinamarca. Apesar de se constatar que os países com um PIB per capita mais elevado são também os que têm menos desigualdade, o estudo revela que existe um número significativo de pobres em todos os países europeus, estimando-se que mais de 23 milhões de europeus vivem com um rendimento de menos de 10,00€ por dia.

Portugal, que já era o país mais desigual em 2000, não só continuou a sê-lo, como se agravou a desigualdade, tal como medida pela UE (passando de 37(?) para 41 no coeficiente de Gini).

Mau em 2000, pior em 2004...


Portugal continua a ser também um dos países onde uma maior percentagem da população vive com um rendimento muito abaixo da média da UE: 45 % dos portugueses têm um rendimento inferior a 60 % do rendimento médio europeu, 33% dos portugueses têm um rendimento que é metade da média europeia, e 22% dos portugueses vivem com menos de 40 % do rendimento médio europeu.

Estes são dados eloquentes! Não apenas a profunda desigualdade que vivemos hoje, mas sobretudo o facto destes dados confirmarem que a situação não tem melhorado nos últimos anos.


Estes são dados que valem por mil discursos piedosos (o adjectivo hipócrita talvez fosse uma melhor escolha), e que revelam que apesar (ou melhor, em resultado) de todos os discursos de sucessivos governos do chamado "arco governativo" (do PP ao PS), dos fazedores de opinião, e da comunicação social que os difunde repetida e acriticamente, o resultado das políticas nas últimas dezenas de anos é o que se pode designar como "efeito Mateus" (do Evangelho segundo S. Mateus): cada vez mais para quem já é abastado e cada vez menos para quem já tem pouco. As políticas medem-se pelos resultados que produzem e não pelos discursos que as promovem!


Estou certo que um estudo sério (usando os dados disponíveis para as últimas décadas) sobre o fenómeno do rendimento (PIB, salários, poder de compra, etc.) e da desigualdade (social, mas também regional) em Portugal, correlacionando-o com outros factores como a educação (investimento, resultados, nível de escolaridade, etc.), investimento em ciência e tecnologia, percentagem de licenciados, distribuição regional dos investimentos públicos, etc. permitiria revelar a forte relação causal entre as políticas dos governos dos últimos 25 anos e a manutenção ou crescimento das desigualdades em Portugal.


Claro que depois de algum sobressalto sobre mais este relatório durante alguns dias (ou, sendo optimista, algumas semanas), de algumas reacções de "choque" e "vergonha" (dos que agora estão na oposição) e de algumas justificações e promessas dos que estão no governo, a questão será novamente esquecida... Até que o próximo relatório divulgue dados semelhantes, e os mesmos de sempre (dos dirigentes políticos aos comentadores e "opinadores") voltem a verter lágrimas de crocodilo!

Como canta o Jorge Palma, "Ai Portugal, Portugal/De que é que tu estás à espera..."

terça-feira, 20 de maio de 2008

Verde Irlanda



O mês de Maio tem sido particularmente verde (no que ao Acesso Livre diz respeito) na verde Irlanda, com importantes desenvolvimentos na chamada "via verde" (auto-arquivo em repositórios) para o Acesso Livre.


Depois do mandato do Irish Research Council for Science, Engineering and Technology (que não tínhamos registado aqui), do projecto de mandato (neste momento em fase de discussão e comentário) do Science Foundation Ireland e de dois novos repositórios, foi realizada a divulgação oficial (notícia no blog Open Access News do Peter Suber) do projecto IREL-Open.

Este projecto, que já decorre desde Abril de 2007, tem a duração de 3 anos, apoiando a constituição de repositórios nas universidades irlandesas e a criação de um portal de pesquisa nacional. Aqui fica a transcrição da informação oficial do projecto:

Irish universities have received government funding to build open access institutional repositories in each Irish university and to develop a federated harvesting and discovery service via a national portal. It is intended that this collaboration will be expanded to embrace all Irish research institutions in the future.

This is a three-year project starting in April 2007, directed by the Irish Universities Association and managed by the Irish Universities Association Librarians' Group (...).

Em Portugal, apesar dos esforços de várias pessoas e entidades (a Universidade do Minho, o CRUP, etc.), desde Junho de 2006 (!) - altura em que foi apresentada uma proposta semelhante, para um projecto de dois anos, com vista à constituição de repositórios em todas as universidades, à criação de um portal nacional (meta-repositório) e de um serviço de alojamento central de repositórios - ainda estamos no ponto de partida.

E apesar de notícias e indicações positivas no primeiro trimestre deste ano, parece que afinal não vamos ter um projecto como o irlandês (apoiando a constituição descentralizada de repositórios em todas as universidades)...

Os "milagres", de que em Portugal tanto se gosta de falar e apontar como modelos, na Irlanda, na Finlândia, ou em qualquer outro país do mundo, requerem visão, iniciativa e coragem política!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um pequeno passo no Brasil...


Fiquei a saber, através do Blog do Kuramoto, que o Projeto (ainda não é o reflexo do acordo ortográfico, mas apenas a referência ao processo legislativo no Brasil) de Lei , foi aprovado por unanimidade na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.

O PL 1120/2007 (
versão integral em PDF),dispõe sobre o processo de disseminação da produção técnico-científica pelas instituições de ensino superior no Brasil, obrigando-as "a construírem os repositórios institucionais para depósito do inteiro teor da produção técnico-científica do corpo discente e docente".

A aprovação do PL 1120/2007 pela CTTI com "complementação de voto" ou seja com uma alteração, que não belisca o essencial da lei, é no entanto apenas o primeiro passo de um caminho que promete ser longo. De acordo com a explicação do Hélio Kuramoto, o projecto terá ainda de passar por mais uma comissão da Câmara dos Deputados, depois por comissões do Senado e finalmente ser promulgado pelo Presidente da República.

A aprovação de um "mandato nacional" de auto-arquivo será de uma enorme relevância, dado que, juntamente com a Índia e a China, o Brasil é uma das potências emergentes também do ponto de vista científico. Esperemos que os próximos passos sejam mais rápidos, e sobretudo que o percurso do PL 1120/2007 se conclua com êxito e sem alterações que lhe reduzam a eficácia.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Vídeo sobre Acesso Livre à literatura científica

Um estudante de Direito da Universidade de Harvard divulgou um vídeo sobre o Acesso Livre à literatura científica. Trata-se de um trabalho académico, para a disciplina The Web Difference, que naturalmente dá particular realce aos aspectos legais da questão.



Open Access to Scholarly Publications from Sean Kass on Vimeo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Mais um sinal dos tempos: mandato de auto-arquivo da Harvard Law School

Foi ontem anunciado mais um mandato de auto-arquivo da Universidade de Harvard. Depois da política definida pela Harvad Faculty of Arts and Sciences, foi a vez da Harvard Law School ter aprovado, por unanimidade dos seus membros, um mandato de auto-arquivo das suas publicações científicas.


Tal como a política da Faculty of Arts and Sciences, em que a resolução da Law School se baseia, é requerido não apenas a entrega/depósito dos artigos, mas também a transferência, não-exclusiva, do copyright para a Universidade. A parte substantiva da resolução é a seguinte:

(...)
Each Faculty member grants to the President and Fellows of Harvard College permission to make available his or her scholarly articles and to exercise the copyright in those articles. More specifically, each Faculty member grants to the President and Fellows a nonexclusive, irrevocable, worldwide license to exercise any and all rights under copyright relating to each of his or her scholarly articles, in any medium, and to authorize others to do the same, provided that the articles are not sold for a profit. The policy will apply to all scholarly articles authored or co-authored while the person is a member of the Faculty except for any articles completed before the adoption of this policy and any articles for which the Faculty member entered into an incompatible licensing or assignment agreement before the adoption of this policy. The Dean or the Dean’s designate will waive application of the policy to a particular article upon written request by a Faculty member explaining the need.
Each Faculty member will provide an electronic copy of the final version of the article at no charge to the appropriate representative of the Provost’s Office in an appropriate format (such as PDF) specified by the Provost’s Office no later than the date of its publication. The Provost’s Office may make the article available to the public in an open-access repository.
(...)



A exigência de transferência do copyright não é uma condição indispensável para a definição de mandatos de auto-arquivo, e não será realista para "universidades normais" (ou seja universidades sem o peso académico, científico e também mediático das Harvards, Yales, Oxfords e Cambridges deste mundo), mas é certamente um fantástico passo em frente.

Para além disto, este segundo mandato da Harvard Law School é um sinal muito encorajador e positivo por duas razões adicionais:
1 - Por ter sido aprovado por todos os membros da Faculdade, ou seja é um mandato decidido de baixo para cima, e não de cima para baixo;
2 - Por ser de uma escola de Direito, que como todos sabemos, tem sido das áreas científicas mais "conservadoras" e resistentes no que diz respeito ao Open Access. A decisão de uma escola de Direito com o prestígio de Harvard facilitará certamente o progresso do Acesso Livre em muitas outras escolas e faculdades de todo o mundo.

Esta histórica decisão de Harvard é pois um importante sinal dos tempos esperançosos que vivemos neste domínio, mais um indício que estamos próximos do ponto de viragem (penso que o de não-retorno já foi atingido).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Pokemon e as bibliotecas


Através do blog The Shifted Librarian, fiquei a saber que pelos vistos o Pokemon ensina as crianças a respeitar e a valorizar as bibliotecas, ensinando-lhes que elas não são apenas locais que guardam livros.

Isso é indiscutivelmente algo de positivo. A questão é saber se, daqui por quinze ou vinte anos, quando as crianças que hoje jogam o Pokemon forem adultas, as "bibliotecas vivas" (expressão que assim "roubo" à Luísa Alvim e ao seu blog) ainda serão um espaço, como os que conhecemos, dominado pelos livros (objecto físico), ou um espaço onde "também ainda existirão livros"...

Como diria o João Pinto, "prognósticos só daqui por quinze anos"...


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Estudo sobre os sistemas de gestão de bibliotecas

Foi divulgado no início da semana um novo estudo sobre os sistemas de gestão de bibliotecas (LMS - Library Management Systems) no Reino Unido. Promovido pelo JISC e pelo SCONUL pode ser lido/descarregado aqui.

Ainda não tive oportunidade (e desconfio que nunca terei) para ler as suas 157 páginas. Mas já li o Sumário Executivo (7 páginas) o Resumo do Relatório (10 páginas) e algumas outras páginas na diagonal. Li ainda o Briefing Paper intitulado Library Management Systems: investing wisely in a period of disruptive change, que aparentemente já tinha sido publicado há duas semanas.

O estudo apresenta 3 conclusões gerais e aponta algumas recomendações-chave para as bibliotecas. As principais conclusões são que o mercado inglês é maduro e dominado por quatro vendedores (ExLibris, Innovative, SirsiDynix and Talis) que têm cerca de 90% de quota de mercado, que o OPAC tradicional será cada vez mais posto em causa e os LMS podem ficar confinados às operações de "backoffice", e que as respostas tecnológicas passam pelo desenvolvimento de interfaces abertos dentro da arquitectura Service Oriented Architecture e pelo desenvolvimento de modelos da Web 2.0.

Quanto às recomendações, permito-me destacar a afirmação de que poderá não ser boa ideia investir na aquisição de um novo sistema de gestão de bibliotecas, mas que é ainda pior não fazer/mudar nada. Assim, em vez de mudar de sistema, as bibliotecas podem e devem investir em renegociar os contratos de manutenção actuais, e aumentar o valor que pode ser produzido pelo LMS, promovendo a interoperabilidade e a integração dos LMS com/nos outros sistemas das universidades.

O estudo não aprofunda a questão do futuro das bibliotecas universitárias, mas não deixa de referir que essa é uma questão importante, uma vez que vivemos num período de transição e incerteza quanto à configuração das bibliotecas no contexto das universidades nas próximas décadas. É óbvio que aquilo que devemos querer, e fazer acontecer, nos sistemas de gestão das bibliotecas está dependente do que serão essas bibliotecas, e do tipo de serviços que devem oferecer.

Este estudo aborda outra questão que, em minha opinião, é de grande relevância. A utilização dos serviços das bibliotecas (os OPACs, os portais de pesquisa ou o acesso a serviços/produtos externos através de páginas das bibliotecas) produz um conjunto de dados que as bibliotecas não estão a aproveitar adequadamente.

De facto, não estamos verdadeiramente a "ouvir" o que dizem os nossos clientes. Para além de dados globais de uso (acessos, sessões, pesquisas, downloads,para além dos empréstimos, entradas/saídas nas instalações e outras métricas de uso "físico"), que geralmente recolhemos para os relatórios de actividades, e que muitas vezes nem têm grande significado, não estamos a tentar saber mais nada sobre a forma como os nossos utentes usam os recursos que lhes disponibilizamos.

Analisar e aproveitar os milhões de "cliques" que os utentes produzem nos nossos sistemas (como a Amazon e o Google fazem de forma brilhante), bem como a informação contextual relevante (como os departamentos/cursos/disciplinas a que os utentes estão ligados) que em muitos casos já possuimos, para criar e oferecer serviços de valor acrescentado - como serviços personalizados, serviços de recomendação, redes sociais, etc. - é certamente um caminho a explorar.

Ligar tudo isto com os motores de pesquisa (que temos de transformar em aliados, pois a alternativa não é nada favorável...) e a designada "pesquisa vertical" é um desafio adicional.

Ameaças ou oportunidades no horizonte? O tempo dirá, mas as oportunidades exigem que as aproveitemos desde já!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Open Access Directory

Foi criada e disponibilizada uma nova fonte de informação de referência sobre o Acesso Livre, o Open Access Directory.

Este Wiki, criado por Peter Suber e Robin Peek, permitirá que a comunidade ligada ao Acesso Livre à literatura científica possa criar e manter listas simples de informações e recursos sobre o Open Access.

Tendo-se iniciado com cerca de meia dúzia de listas, a saber
o OAD pretende ir acrescentando novas listas, e constituir-se como o ponto focal para a pesquisa e o acesso à informação relacionada com o Acesso Livre.

O corpo editorial, composto por algumas da mais proeminentes figuras do movimento Open Access, é uma garantia da qualidade e da relevância deste Wiki.
 
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