terça-feira, 29 de abril de 2008

Guia para a definição de políticas institucionais de Acesso Livre




A SPARC (Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition) e a Science Commons acabam de divulgar um White Paper que é um guia para a definição de políticas institucionais de Acesso Livre à literatura científica.

Intitulado OPEN DOORS AND OPEN MINDS: What faculty authors can do to ensure open access to their work through their institution, pode ser consultado/descarregado aqui.

Leitura e divulgação recomendada para quem quer ajudar a abrir as mentes dos autores de literatura científica, e sobretudo as dos líderes e decisores das instituições onde eles trabalham, para que eles próprios abram as portas da sua produção científica ao mundo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Congreso da Gaceta Universitaria


Fui convidado pelos organizadores para participar no Congresso anual promovido pela Gaceta Universitaria, um jornal semanal gratuito, do grupo do El Mundo, aparentemente com grande circulação nas universidades espanholas (como me foi confirmado por várias "fontes independentes", e apesar da inexistência de um Website da publicação...).

Participei na sessão sobre a difusão do conhecimento gerado nas Universidades, apresentando uma comunicação sobre a experiência da Universidade do Minho, com o RepositóriUM e o sua política institucional de auto-arquivo. Na sessão estava também prevista a participação, por vídeoconferência, de Stevan Harnad. Infelizmente a tecnologia (no caso a ligação à Internet no local da conferência) pregou-nos uma partida e só tivemos oportunidade de ouvir e ver o Stevan Harnad durante dois breves minutos. Por isso, os restantes slides que iria apresentar foram brevemente resumidos e comentados pelo Ignasi Labastida (da Universidade de Barcelona), que tinha organizado esta sessão e que a presidia, e por mim.

Para além de mais uma "evangelização" sobre as vantagens e exequibilidade do Acesso Livre à literatura científica através da "via verde" (auto-arquivo em repositórios de acesso livre), a participação no Congresso suscitou-me duas reflexões:
1 - Apesar de todos os avanços do Acesso Livre registados nos últimos cinco anos, que são indesmentíveis e provavelmente irreversíveis, ou por causa desses mesmos avanços e do tema ser hoje comentado e abordado em inúmeras instâncias e por diversos meios, é verdadeiramente "espantoso" como continua a existir um grande desconhecimento sobre a questão do Open Access, e como os "inibidores clássicos" continuam a manifestar-se sempre e sempre e sempre : dúvidas ou mitos relacionados com os direitos de autor/copyright, confusão entre acesso a literatura científica e acesso a outros tipos de conteúdos/documentos (como recursos educativos), confusão entre auto-arquivo em repositórios (de artigos já publicados em revistas "respeitáveis") com auto-publicação ou publicação de "segunda classe", etc.

Algumas das perguntas e comentários no final da sessão (e nas conversas posteriores) revelam que a ignorância, as dúvidas e as confusões de hoje são exactamente as mesmas que comecei a constatar em 2003. A minha esperança é que a percentagem dos "esclarecidos" tenha vindo a crescer (a não ser assim, algo estará mal ou com a "mensagem" ou com os "pregadores", como eu próprio).

2 - Ouvi muitas queixas, de investigadores jovens mas corroboradas também por quem olha o fenómeno de fora, que o sistema académico e científico espanhol está "fossilizado", dominado por catedráticos que não realizam investigação relevante, e que publicam pouco, mas que controlam um sistema demasiado endogâmico. Este retrato não me pareceu estranho, porque ele poderia igualmente aplicar-se à ciência e à universidade portuguesa há 10 ou 15 anos (na última década as coisas mudaram em Portugal, há que reconhecê-lo, ainda que subsistam algumas "ilhas de passado" na academia). Mas perante a tonalidade carregada do quadro que me pintaram e o facto do retrato supostamente descrever a situação de hoje, em que a ciência tem de ser cada vez mais competitiva não apenas à escala nacional, mas sobretudo à escala europeia e mundial, não pude deixar de ficar perplexo.

O que concluí, depois de algumas perguntas, é que o sistema científico espanhol está menos dependente de financiamentos internacionais (nomeadamente europeus) do que o sistema português, porque existem verbas significativas para a ciência no orçamento do estado espanhol, e também nos orçamentos das comunidades autónomas. Essa aparente facilidade de obter financiamentos locais e nacionais (um investigador disse-me que lhe queriam oferecer o quarto portátil, num dos programas do governo da região onde trabalha...) pode vir a ter o efeito perverso de diminuir a competitividade, a internacionalização, a capacidade de modernização, inovação e a qualidade da ciência espanhola.

Mas que isto não seja lido como um apoio à manutenção de um nível de financiamento da investigação científica pelo estado português que é claramente insuficiente, quando comparado com os restantes países europeus! A cultura de avaliação externa, de promoção da internacionalização e de reconhecimento da excelência que foi sendo introduzida desde meados dos anos 90 do século passado em Portugal, tem de ser acompanhada por um investimento real na ciência.

Quais foram as promessas da percentagem do PIB nacional que deveria ser consagrado à ciência desde os anos 90? Qual é a percentagem actual?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Parabéns Leo Waaijers




Leo Waaijers recebeu o prémio SPARC Europe Award for Outstanding Achievements in Scholarly Communications, 2008, durante a Fourth Nordic Conference on Scholarly Communication NCSC 2008 .


Matemático de formação, Leo Waaijers foi durante muitos anos o bibliotecário da Universidade de Delft (qualidade em que o encontrei pela primeira vez). Nos últimos anos foi uma das mais influentes personalidades do movimento de Acesso Livre na Europa, tendo sido o impulsionador do projecto DARE (rede de repositórios da Holanda) e do Cream of Science, e um dos promotores da petição à Comissão Europeia a favor do Acesso Livre em 2007.


Tive o prazer de conviver com ele nas duas conferências sobre o Open Access que organizamos aqui na Universidade do Minho em 2005 e 2006, e para as quais o convidamos, bem como mais recentemente no quadro do projecto DRIVER II, no qual participamos.

Por tudo que fez pelo desenvolvimento das bibliotecas e do Acesso Livre ao conhecimento científico este prémio é bem merecido. PARABÉNS LEO!

terça-feira, 22 de abril de 2008

O futuro das bibliotecas é tema do The Guardian


O The Guardian (EducationGuardian), em conjunto com o JISC- Joint Information Systems Committee, dedica uma das suas secções ao futuro das bibliotecas.
Designado Libraries Unleashed (não sei se este apontador continuará disponível no futuro) esta secção reune 17 artigos organizados em 7 secções: Colleges, universities and the digital challenge, Learning spaces, Library 2.0, New business models, Digitisation, The new user, Librarians.

Os artigos abordam vários aspectos, desde o espaço das bibliotecas até aos desafios colocados pelos novos utilizadores, e o papel dos bibliotecários, passando pelo Open Access, as tecnologias 2.0, os projectos de digitalização.

Ainda só consegui ler na diagonal alguns dos artigos, que apesar de não conterem grande "novidade", nem aprofundarem muito as questões, me pareceram interessantes e úteis, sobretudo na identificação das tendências e desafios com que as bibliotecas estão hoje confrontadas.

Mas, independentemente do maior ou menor valor dos artigos deste caderno do The Guardian, ele deixa-me "invejoso" dos bibliotecários e da sociedade britânica. Esse sentimento negativo, pode expressar-se através desta pergunta retórica: Seria possível publicar um caderno destes num dos jornais de referência portugueses?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Estimativa da percentagem da literatura científica disponível em Acesso Livre

No blogue do Peter Suber, a principal fonte de informação para acompanhar a evolução do Acesso Livre, foi referido um novo estudo que avança com uma estimativa do volume da literatura científica que se encontra disponível em Open Access. De acordo com o estudo de Bo-Christer Björk, Annikki Roos, e Mari Lauri, Global annual volume of peer reviewed scholarly articles and the share available via different Open Access options, um preprint de uma comunicação que irá ser apresentada na ElPub 2008, em Junho de 2008 em Toronto, quase 20% da produção científica já esta disponível de alguma forma em Acesso Livre.

Cerca de 8,1 % está disponível através da designada via dourada, através de revistas em acesso livre (4,6%), ou com embargos até um ano (3,5%), e 11,3% através da designada via verde, através do depósito de cópias dos artigos em repositórios (ou páginas pessoais).

Estes números permitem alguns comentários:

1 - Ainda que não existam estudos (com a mesma metodologia) que permitem comparações com anos anteriores, estes números indiciam o crescimento do volume da literatura científica disponível em acesso livre, ainda que a um ritmo relativamente lento (se nos lembrarmos que há cerca de 4 anos se estimava que a percentagem seria de cerca de 10 a 15%);

2 - Este crescimento está a fazer com que nos aproximemos do ponto de viragem - penso que quando cerca de 1/3 da literatura científica estiver disponível estiver em acesso livre, se produzirá uma mudança acelerada;

3 - Os mandatos do National Institute of Health, do European Research Council, da Universidadade de Harvard, da Universidade de Stirling (e desejavelmente de muitas outras universidades europeias na sequência das recomendações da EUA),todos relacionados com a "via verde" colocam-nos muito mais perto desse ponto de viragem, do que quaisquer especulações, experiências ou acordos para transformar, de um golpe, toda a publicação científica através da designada via dourada.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Novo Serviço "Pergunte-nos" dos Serviços de Documentação da UM

Esta semana lançamos a nova versão do serviço "Pergunte-nos", que tínhamos iniciado no ano lectivo de 2003/04.

Pergunte-nos é o serviço de referência disponibilizado pelos SDUM, destinado a fornecer apoio individualizado aos membros da Universidade do Minho sobre os recursos bibliográficos disponíveis em linha e a responder a questões gerais relacionadas com as condições de utilização das bibliotecas U.M.

Até agora, este serviço apenas era disponibilizado através de correio electrónico e do atendimento "tradicional" (telefónico e presencial). A partir desta semana passamos a oferecer, a título experimental, duas novas modalidades de contacto à distância através da Internet, com resposta em tempo real, via Live Chat (comunicação escrita) e via Skype (comunicação por voz), e uma equipa mais ampla de técnicos profissionais e técnicos superiores de biblioteca e documentação.

Qualquer pessoa com ligação à Internet pode falar em tempo real com o técnico de serviço, que procurará prestar o melhor apoio e/ou orientação na identificação dos recursos bibliográficos e serviços da biblioteca adequados à situação.

Neste período experimental, até ao final do ano lectivo, estas duas modalidades de contacto estarão disponíveis de 2ª a 6ª feira, das 10h30 às 12h00 e das 14h30 às 17h00.

Em função dos resultados observados durantes os três próximos meses, que aguardo com expectativa e curiosidade, decidiremos sobre o funcionamento do serviço a partir do próximo ano lectivo.

Nos primeiros dias a procura tem sido diminuta, mas isso é natural e já esperado. Veremos como serão as próximas semanas.


quarta-feira, 9 de abril de 2008

A EUA apela às Universidades para que desenvolvam políticas de Acesso Livre


No passado dia 26 de Março, em Barcelona, o Conselho da European University Association (EUA) adoptou por unanimidade as recomendações do Grupo de Trabalho sobre Open Access da EUA.

O texto aprovado, que pode ser lido aqui, inclui recomendações para as universidades, para as organizações nacionais de universidades e para a própria EUA. Para as universidades as recomendações principais são para que estabeleçam e desenvolvam políticas que promovam a acessibilidade dos seus resultados de investigação, através do estabelecimento (isoladamente ou em consórcio) de repositórios insititucionais, e de políticas que requeiram que os seus investigadores depositem (auto-arquivem) as suas publicações nesses repositórios imediatamente após a aceitação para publicação.

Na minha opinião (e de várias outras pessoas, como Stevan Harnad e Peter Suber), as recomendações da EUA poderão constituir um incentivo importante para o desenvolvimento do Acesso Livre à literatura científica nas mais de 800 universidades europeias que integram esta Associação.

Por isso congratulo-me por ter participado no Grupo de Trabalho da EUA e sobretudo por ter contribuído activamente para a redacção das recomendações.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Open Repositories 08


Estou a participar na Conferência Open Repositories 08 em Southpamton. É uma grande conferência com muitos participantes (mais de 400). A conferência, e as discussões que proporciona têm sido interessantes, apesar de com uma comunidade tão vasta existir alguma dispersão de interesses e perspectivas que acaba por ter um impacto negativo na qualidade e "produtividade" do evento.

Para além dos contactos e conversas com outros participantes, e nomeadamente com os nossos parceiros do projecto DRIVER, os aspectos mais interessantes da conferência tem sido:
- a rede social da conferência,usando um software de "socialização";
- o repositório da conferência onde se encontram todas as comunicações;
- a sessão sobre as questões do uso dos repositórios e das métricas da ciência (a comunicação do Bollen e Van de Sompel mereciam um comentário mais desenvolvido...)
- a demonstração vencedora (ver vídeo) do Repository Challenge (prémio de $5000), desenvolvida por Dave Tarrant e Tim Brody de Southampton e Ben O'Steen de Oxford, que demonstraram que a informação pode ser facilmente transferida entre repositórios (no caso repositórios Eprints e Fedora). A movimentação de dados entre repositórios foi realizada usando o emergente ORE (Object Reuse and Exchange), que aliás parece ter atraído muitos participantes para a sessão especial no último dia.
 
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