terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Portal RCAAP já está disponível


Vou agora mesmo apressentar o portal RCAAP.

Finalmente, o meta-repositório (dois anos e meio depois de termos começado a falar nele), está disponível em:
http://www.rcaap.pt

Viva o RCAAP!

Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal


Vai ser finalmente divulgado o projecto Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal, na sessão da 3ª Conferência Open Access que está a decorrer aqui na Universidade do Minho.

Para já fica aqui o logo do projecto e do Portal de Pesquisa. Mais logo, durante a sessão, adicionarei o apontador para aceder.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

II CIPECC - Primeira sessão


Estou no Rio de Janeiro a participar na II CIPECC - II Conferência Ibero-Americano de Publicações Electrónicas no Contexto da Científica.

Depois de sessão formal de abertura, a primeira comunicação foi da minha colega e amiga Ana Alice. O título "Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és e para onde vais : perspectiva tecnológica actual e futura sobre o Movimento de Acesso Livre", apontava para um enfoque tecnológico. Mas como sempre, a Ana Alice falou muito para além da tecnologia.

O que a sua interessante apresentação conseguiu fazer, foi mostrar como estamos a desperdiçar as capacidades tecnológicas que já dispomos, e que nos permitiriam criar formas mais eficientes e mais criativas de produzir ciência, de comunicar a informação científica produzida, e de avaliar e reconhecer os contributos individuais e colectivos para o progresso científico.

Provavelmente nem conseguimos imaginar tudo o que poderiamos (e poderemos, espero) fazer com a tecnologia que dispomos, se conseguirmos juntar a segunda componente indispensável, para que todas as "maravilhas" sejam possíveis. Algo de novo, diferente e radical: o acesso livre à informação científica.


Estou certo que a excelente apresentação da Ana Alice estará disponível brevemente em Acesso Livre!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Open Access e Repositórios na República Checa


Mais uma viagem de "evangelização" sobre o Open Access e os repositórios, desta feita à República Checa.

O convite partiu da associação de bibliotecas universitárias checas, para participar na sua conferência anual, intitulada Bibliotheca Academica 2008, realizada em Pilsen (que em checo se escreve (Plzeň), em 4 e 5 de Novembro.

Partilhei a sessão com o Leo Waaijers (sobre quem já escrevi aqui), que novamente se apresentou como discípulo de Eva (que ele, com propósito, considera a primeira promotora do acesso livre ao conhecimento).

Fiquei a saber que o nome RepositóriUM é popular entre os activistas dos repositórios checos.


Mas, pelas discussões e dúvidas que surgiram durante a sessão, e nas conversas posteriores com alguns participantes, pareceu-me recuar 2 ou 3 anos no tempo, e fiquei com a impressão que ainda existirá um longo caminho a percorrer para que os repositórios e o Open Access se afirmem na República Checa.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

3ª Conferência Open Access


Divulgamos hoje (finalmente) a realização da 3ª Conferência Open Access, na Universidade do Minho.

A conferência vai realizar-se nos dias 15 e 16 de Dezembro e durante a primeira quinzena de Novembro será divulgada mais informação, nomeadamente o programa.

Durante a conferência irão ser apresentados os resultados do projecto Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal, em que tenho trabalhado (intensa mas silenciosamente) nos últimos três meses. Como diriam os americanos: "Stay tunned"...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Padrões no uso de repositórios

DOWNLOADS DO REPOSITÓRIUM EM ABRIL DE 2008

DOWNLOADS DO REPOSITÓRIUM EM JUNHO DE 2008

Um novo post do Repository Man (Les Carr) que me relembrou e me "forçou" a escrever sobre algo que já vinha reparando há cerca de um ano, e que tinha despertado a minha curiosidade e interesse.

Trata-se da existência de muita regularidade, de autênticos padrões, na utilização dos repositórios. De acordo com o Les Carr, no repositório da School of Electronics and Computer Science University of Southampton, que regista cerca de 30,000 downloads por mês, existe um padrão de utilização semanal com picos de utilização à segunda ou terça-feira, seguidos por uma pequena descida gradual no resto da semana, uma "queda" ao sábado (com cerca de 1/3 dos níveis de pico) e um ligeiro aumento ao domingo.

Este "padrão" reportado pelo Les Carr, pareceu-me muito familiar. Desde há muito que tinha reparado que, no RepositóriUM, na maioria das semanas, as terças-feiras eram o dia de maior utilização, que o número de downloads se reduzia sensivelmente à sexta-feira (mas nem sempre à quarta e quinta), e que o nível mínimo se regista quase sempre ao sábado, verificando-se um pequeno aumento ao domingo.

Fui olhar de novo para os dados de downloads do RepositóriUM (eles são públicos de um modo agregado), e na breve análise que pude fazer, confirmei a minha impressão da existência de alguma semelhança entre o padrão do uso do repositório de Southampton e os dados do uso do RepositóriUM. No entanto, a "olho nu", parecem existir também algumas diferenças:

1 - Parece existir maior variação do número de downloads mensais no RepositóriUM (em 2007 variou entre os 52.608 de Janeiro e os 101.166 de Outubro, enquanto em 2008 registou-se um mínimo de 58.951 em Agosto, e o máximo até ao momento foi de 119.101 em Junho) do que em Southampton;

2- A utilização do RepositóriUM parece apresentar maiores variações ao longo das semanas entre segunda e quinta-feira, do que acontece em Southampton, ainda que na maioria das semanas ocorra o fenómeno identificado pelo Les Carr do pico ocorrer no início da semana (segunda ou terça) e registar-se depois uma ligeira diminuição, que é mais (e sempre) significativa à sexta.

A partir desta análise preliminar julgo que uma das explicações para esta diferença poderá estar relacionada com uma maior correlação e "dependência" dos níveis de uso do RepositóriUM com os calendários e ritmos de trabalho (feriados, férias, calendário escolar, etc.) dos dois países que originam cerca de 2/3 dos downloads: Portugal e Brasil.

No entanto será necessário fazer uma análise mais detalhada (nomeadaamente identificando o que são semanas "normais" e semanas "atípicas" - semanas com feriados e "pontes", semanas em períodos não lectivos, como as férias de Natal, Páscoa, de Julho a Setembro) para tirar algumas conclusões mais seguras, poder fazer um estudo comparativo com outros repositórios e avançar com alguma explicação para o fenómeno.


Quando eu e o Ricardo Saraiva (que me ajudará também nesta tarefa) tivermos algum tempo para isso, darei aqui mais notícias.




sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Evangelizações universitárias



Mais duas sessões de “evangelização”, ou “arqui-evangelização”, como chamaria Stevan Harnad, para as vantagens do acesso livre e dos repositórios institucionais, para a sua importância estratégica para as universidades e para os investigadores individuais, desta vez na Universidade Nova de Lisboa.


Primeiro numa reunião do Senado, para uma audiência de decisores, e depois na Faculdade de Ciências e Tecnologia, para uma audiência maioritariamente composta por docentes e investigadores. No final da minha exposição as questões foram as “habituais” nestas sessões: custos dos repositórios no caso dos decisores, copyright e futuro das revistas científicas no caso dos investigadores.

Questões que mais uma vez revelam as dúvidas, mitos e temores que em parte explicam a relativa lentidão com que o Open Acess tem avançado desde que, há cerca de 5 anos, entrou definitivamente na agenda académica e política.

Mas ou os meus olhos e ouvidos estavam particularmente optimistas e complacentes, ou pareceu-me notar, tal como já aconteceu na sessão que realizei na Universidade de Girona em 26 de Setembro, que a minha “mensagem” foi melhor compreendida do que seria há uns meses ou há um ano atrás. Pelo menos já não surgiram objecções ou cepticismos, e toda a gente com que falei nas sessões e para além delas, afirmou reconhecer a importância do tema.

Espero ter razão para esta minha apreciação optimista, mas só o tempo permitirá averiguar isso. Se tiver razão, então existirão melhores condições para que a FCT e a UNL adoptem brevemente políticas corajosas e para que, consequentemente, o(s) seu(s) repositório(s) cresça(m) de forma significativa e sustentada. A ver vamos...

No imediato ficou a esperança de ter contribuído para isso, e o prazer de rever colegas e amigos da UNL.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Rumo ao futuro II



Há uns meses assinalei aqui a divulgação da versão beta das especificações OAI-ORE. Agora, registo a disponibilização das versões de produção das especificações e documentos de implementação OAI -ORE, que resultam do trabalho de dois anos do projecto da Open Archives Initiative (OAI), designado Object Reuse and Exchange (OAI-ORE), cujo objectivo foi o desenvolvimento de normas para a identificação e descrição dos designados objectos digitais complexos ou compostos.

De acordo com a Press Release divulgada no passado dia 17, as "normas" OAI-ORE fornecem as fundações para aplicações e serviços que possam visualizar, preservar, transferir, sumarizar e melhorar o acesso às agregações que as pessoas usam na sua interacção diária na Web, incluindo documentos Web com várias páginas, documentos com múltiplos formatos em repositórios institucionais, conjuntos de dados científicos (data sets), etc. As normas OAI-ORE pretendem integrar a emergente Web "machine-readable", a Web 2.0, e a evolução futura da informação em rede.

Como referi há uns meses, o projecto OAI-ORE é portanto um olhar sobre o futuro. Mais do que isso, é um esforço e um impulso para construirmos esse futuro, desde já.

Mas para que as normas OAI-ORE possam ser completamente aplicadas e aproveitadas é necessário que terminemos a construção do presente. É necessário que se crie um corpus mundial de informação científica (literatura e cada vez mais dados científicos) em acesso livre sobre o qual se possa aplicar toda a "inteligência" dos algoritmos, normas e protocolos que fomos desenvolvendo, e todo o fantástico poder computacional das máquinas de que dispomos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Google integra características do Google Scholar










Através de uma mensagem do Les Carr, tomei ontem conhecimento de uma importante notícia, que aparentemente já tinha sido divulgada em Agosto (nomeadamente através deste post), mas que me "escapou" no período de férias.

O
Google integrou no seu motor de busca genérico características e funcionalidades até agora apenas presentes no Google Scholar como:
  • O nome do (primeiro) autor
  • Links para os artigos que o citam
  • Links para artigos relacionados
  • Links para outras versões
Para os repositórios institucionais de acesso livre isto são excelentes notícias!

É verdade que o Google já incluía nos seus resultados os documentos dos repositórios, mas estas novas funcionalidades e características, até agora apenas disponíveis no Google Scholar, irão certamente aumentar a visibilidade e usabilidade dos documentos arquivados nos repositórios.


É que apesar da existência de bases de dados e motores de pesquisa especializados em informação científica e académica (como o
OAIster, o portal do DRIVER, e o Google Scholar), a percentagem de pessoas (incluindo investigadores e académicos) que os utiliza, comparativamente com os que usam o Google, é diminuta.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dia do Open Access



Hoje é dia de São Open Access!

Por iniciativa da SPARC (Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition), da Students for FreeCulture e da Public Library of Science, celebra-se hoje, com várias iniciativas em todo o mundo, o Open Access Day. Os organizadores criaram um site onde se recolhe informação sobre as actividades e eventos que marcam este dia: http://openaccessday.org/

Apesar de não acreditar muito no impacto deste tipo de iniciativas simbólicas, desejo o maior sucesso para o dia do Open Access, e que ele contribua para a aumentar a consciência (e desejavelmente melhorar as práticas) do meio académico relativamente a esta questão.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Promovendo o Acesso Livre em Moçambique (e outras notícias em atraso...)



(Desde o meu regresso de Barcelona que não consegui manter o blog em dia... Vou tentar recuperar o tempo e as notícias em atraso...)

Estive em Maputo de 28 a 31 de Julho, numa visita organizada pela Aissa Issak (que é uma das mais activas e esclarecidas bibliotecárias de Moçambique, com quem já me tenho encontrado em várias iniciativas e eventos), e apoiada pela eIFL.net, pela Universidade Politécnica e pela Universidade Eduardo Mondlane. De 28 a 30 de Julho ministrei um curso sobre repositórios institucionais e acesso livre, no qual participaram 30 pessoas.

O curso correu muito bem, num espaço com boas condições e com uma "turma" interessada e atenta, mas o que me deixou mais satisfeito é que dele resultou a ideia de criar um repositório colectivo, para as principais universidades do país, o que me parece uma excelente iniciativa.

No último dia, realizei ainda uma palestra sobre o Open Access, destinada ao público universitário em geral, mas com a esperança de ter alguns membros de reitorias na plateia, o que não veio a acontecer. Estiveram presentes cerca de 50 pessoas, entre as quais algumas pessoas com cargos dirigentes na maior universidade moçambicana, e também um quadro do Ministério da Educação e Cultura.


Julgo que a palestra foi útil para promover e esclarecer sobre a questão do acesso livre à literatura científica, que é talvez ainda mais relevante num país como Moçambique. Mas a "cereja em cima do bolo" foi que a pessoa do Ministério que assistiu à palestra (e que me interrogou sobre qual seria o custo de montar um repositório) informou posteriormente que o Ministério da Educação e Cultura iria financiar a aquisição do hardware para o repositório.




Como tinha dito publicamente que só voltaria a Moçambique quando já existisse um repositório, parece que felizmente poderei voltar em breve, a esse país que gostaria de conhecer melhor (desta vez não tive tempo para sair de Maputo...).

No dia 31, como só tinha voo ao final da tarde, ainda pude fazer uma visita à Universidade Pedagógica, onde tinha estado em 2000, para rever e cumprimentar a Dalila e o restante pessoal da biblioteca da UP que foram meus alunos nessa altura.
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Depois de regressar de Barcelona e ainda antes de partir para Moçambique realizei nos Serviços de Documentação a primeira reunião do projecto para a criação de um portal nacional de literatura científica. Por agora é tudo o que posso escrever...

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Em 20 de Agosto, poucos dias após o regresso de férias, houve uma notícia muito importante: a Comissão Europeia anunciou um projecto piloto para assegurar a máxima disseminação e visibilidade dos resultados da investigação financiada pelo 7th Framework Programm (50 biliões de €), através de um mandato de auto-arquivo. O projecto vai abarcar cerca de 20% do 7th FP (10 biliões de €) em disciplinas como ciências da saúde, energia, ambiente, ciências sociais e tecnologias de informação e comunicação, e os "Grant recipients will be required to deposit peer reviewed research articles or final manuscripts resulting from their FP7 projects in an online repository. They will have to make their best effort to ensure open access to these articles within either six or twelve months after publication, depending on the research area.”


quarta-feira, 16 de julho de 2008

Repositórios e Ciência Aberta em Barcelona














De novo em Barcelona, uma das minhas cidades favoritas, e onde tenho tido a oportunidade de me deslocar, por motivos profissionais, com alguma regularidade nos últimos três anos. Aliás, em 2007 aproveitei uma dessas deslocações profissionais para fazer um fim de semana de lazer, devidamente registado.

Mais uma vez (tal como já tinha acontecido em 2007 com as palestras na Universitat Pompeu Fabra e o curso para o Consorci de Biblioteques Universitàries de Catalunya) o motivo para a deslocação foi duplo: um novo curso para o CBUC e a participação no Workshop da Science Commons sobre Policy and Technology for e-Science, um evento satélite do ESOF2008 (EuroScience Open Forum, em cuja edição de 2006 em Munique também participei).

O curso para o CBUC, intitulado "Desarrollando repositorios institucionales exitosos", foi uma actualização e complemento ao curso do ano passado, com maior duração, intitulado "Los repositorios institucionales al servicio de las universidades y del acceso abierto". Tal como no ano passado, julgo que o curso correu muito bem, apesar do idioma da formação ter sido o "portunhol" (que confeso dominar com cada vez maior à vontade...). Os organizadores colocaram algumas fotos na Web, como esta que incluo aqui.


Quanto ao Workshop da Science Commons, ele foi também muito interessante. O evento, cujo grande dinamizador e organizador foi o Ignasi Labastida, iniciou-se ao final da tarde do dia 15, com um keynote por James Boyle (da Duke Law School, Chairman of the Board of Directors of Creative Commons, Founder of Science Commons) que fez uma excelente apresentação sobre a questão da ciência aberta, usando como exemplo em boa parte da sua intervenção, o paralelismo que parece exisitir entre a situação actual da Open Science, e a que se vivia no domínio das redes de computadores em 1992 e demonstrou como os receios, temores e argumentos contra uma rede aberta e sem controlo no início dos anos 90, são semelhantes aos que hoje se opõem à ciencia aberta.

Hoje foi o dia principal do worskhop, onde fiz também uma breve apresentação. O programa foi muito cheio, mas globalmente interessante. Ficou claro que o Open Access é uma componente fundamental da Open Science, e neste momento é a componente mais avançada e prometedora. Aliás, a sessão final foi sobre as lições do Open Access para a Open Science.

Por isso é importante que, do lado dos activistas da Open Science, se continue a respeitar e a perceber as dinâmicas e estratégias específicas do Open Access, que em alguns casos parecerão limitadas e quase "conservadoras".

Mas é também importante que os activistas do Open Access, percebam que a questão do acesso à literatura científica é apenas uma parte (muito importante) de um problema mais geral do funcionamento da ciência na sociedade moderna, e que é necessário, sem perder o foco (condição para o sucesso) nas publicações científicas, começar a dar também alguma atenção e a experimentar com a questão do acesso aos dados científicos e outros aspectos da desejável futura ciência aberta.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Três livros sobre o Acesso Livre... em Acesso Livre





Foram recentemente divulgados, não um, nem dois, mas três livros sobre as questões do Acesso Livre. Naturalmente eles estão disponíveis em Acesso Livre:
Correndo o risco de ir parar ao inferno e ser como o frei Tomás (olha para o que ele diz e não para o que ele faz), confesso que ainda só tive a oportunidade de passar pelos sumários e meia dúzia de páginas adicionais, revelo a boa intenção de os ler de uma forma mais ampla, e recomendo a todos os que se interessem pelas questões do Open Access que leiam estas obras, que me parecem ser bastante interessantes e com qualidade.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Construindo uma confederação europeia de repositórios


Acabo de participar na primeira reunião do Advisory Board do projecto DRIVER.

A reunião decorreu em Istambul, na Universidade de Koç, em paralelo e aproveitando a realização da 37ª Conferência da LIBER (em que não tive oportunidade de participar).

O Advisory Board do DRIVER reúne algumas das mais relevantes personalidades e organizações nesta área, desde organizações como a
SPARC Europe, a EUA e a LIBER, representantes das principais plataformas de repositórios (DSpace, Eprints e Fedora) até Herbert Van de Sompel (que não esteve presente nesta reunião). Nesta reunião participaram ainda três dos parceiros do projecto DRIVER (para além da Universidade do Minho, a Universidade de Gent da Bélgica e a SURF da Holanda).

O objectivo do Advisory Board é ajudar a definir a estratégia para a concretização de um dos principais objectivos do DRIVER: a criação de uma Confederação Europeia de Repositórios. Nesta reunião realizou-se uma primeira discussão geral sobre as prioridades e objectivos do DRIVER e da futura Confederação e sobre os possíveis modelos organizativos que garantam a sustentabilidade da Confederação para além da duração do(s) projecto(s) DRIVER. Analisou-se também a realização de um (ou vários) evento(s) de lançamento da confederação, a ocorrer em 2009.

Irei dando conta do progresso do trabalho de análise e discussão em torno da Confederação Europeia de Repositórios que irá certamente prosseguir nos próximos meses (pelo menos até ao início de 2009).

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Coimbra é uma lição...


Está neste momento a ser apresentado o "Estudo Geral - Repositório Digital da Produção Científica da Universidade de Coimbra", de acordo com o anúncio realizado pela UC.

Na página principal deste novo projecto da Universidade de Coimbra pode ler-se:

"ESTUDO GERAL é a designação do repositório digital da produção científica da Universidade de Coimbra, cujo objectivo consiste em divulgar conteúdos digitais de natureza científica de autores ligados à Universidade de Coimbra. A sua criação insere-se no movimento de Acesso Livre à Literatura científica (Open Access), ao qual o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas aderiu em 2006. Nesse contexto, foi recomendada a criação de Repositórios Institucionais e a definição de políticas institucionais de depósito das suas publicações científicas e académicas. A Universidade de Coimbra subscreveu estes princípios no início de 2007 e, à semelhança de outras grandes universidades nacionais e internacionais, tem o maior interesse em aumentar a sua presença na rede informática mundial, sendo cada vez mais - e também por essa via - um emissor de conhecimento e cultura."

É com muito prazer que anuncio este novo repositório português, de uma das maiores e a mais antiga das Universidades portuguesas. Parabéns e votos de muito sucesso a todas as pessoas da Universidade de Coimbra envolvidas neste projecto.

Espero que a abertura do Estudo Geral no último dia do primeiro semestre seja um bom prenúncio para o que se irá passar no segundo semestre de 2008 no domínio dos repositórios em Portugal.

Neste caso, Coimbra foi mesmo uma lição, mas de sonho e inovação...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Stanford Stands for Open Access


Acaba de ser anunciado mais um importante mandato de uma universidade dos Estados Unidos. John Willinsky, um dos pioneiros e dos mais reconhecidos defensores do acesso livre ao conhecimento, mentor do projecto PKP, anunciou hoje, no decurso da sua intervanção na conferência ElPub, que a Stanford School of Education definiu um mandato de auto-arquivo.

Ainda não conheço mais detalhes, mas este é mais um importante passo em frente no Open Access. Depois de Harvard, também Stanford define uma política mandatória.

Porque esperam centenas de universidades europeias e mais de uma dezena de universidades portuguesas? No caso português, eu compreendo que no meio de todos os problemas e dificuldades que as universidades atravessam (em particular o garrote financeiro que lhes está a ser imposto), não seja fácil prestar a devida atenção a temas como este. Mas é exactamente nos tempos de dificuldades que é mais importante ter a coragem e a sabedoria de tomar decisões sobre temas estratégicos (e a valorização, através do aumento da visibilidade e acessibilidade, da sua produção científica é certamente uma questão estratégica para cada universidade) e não apenas fazer a gestão dos problemas do dia a dia.

E depois da Declaração do CRUP sobre o Open Access em Novembro de 2006, das recomendações da EUA deste ano (que já referimos) e dos exemplos que nos vêm chegando nos últimos meses, só posso esperar que diversas universidades portuguesas tenham a lucidez e a coragem de dar também um passo em frente, definindo políticas que requeiram o depósito da produção científica dos seus membros, em repositórios de acesso livre.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

DRIVER - Conduzindo os repositórios europeus

O projecto DRIVER (Digital Repository Infrastructure Vision for European Research) divulgou hoje oficialmente (ainda que a Press Release já estivesse pronta desde a reunião do Steering Committee em que participei no dia 13 em Bruxelas) a disponibilidade do software D-NET v1.0. A versão portuguesa da Press Release está acessível aqui.

O D-NET é um pacote de software, disponibilizado sob uma licença Open Source Apache, que oferece um conjunto de serviços e funcionalidades para administradores, fornecedores de serviços (service providers) e utilizadores de repositórios.



Julgo que este produto do projecto DRIVER pode ser um primeiro contributo importante para a afirmação dos repositórios como um dos componentes fundamentais dos sistemas de informação que suportam a designada e-ciência.

Para além do software agora divulgado o DRIVER produziu umas importantes Guidelines para os repositórios (cuja tradução portuguesa deverá ficar acessível nas próximas semanas), bem como inúmeras publicações, materiais de suporte e divulgação e vários outros recursos úteis para as comunidades associadas aos repositórios. Recentemente foi também disponibilizado pelo DRIVER um interface de pesquisa em mais de 70 repositórios científicos europeus, entre os quais o RepositóriUM o repositório institucional da Universidade do Minho.

Depois de uma breve referência ao projecto no post sobre o Leo Waaijers, esta é verdadeiramente a primeira vez que escrevo sobre o projecto DRIVER neste blog. Mas, uma vez que participo no projecto, dado que a Universidade do Minho, através dos Serviços de Documentação, integra o consórcio DRIVER II, não será certamente a última.

terça-feira, 17 de junho de 2008

E Viva Madrid, E Viva Espanha


Os últimos meses, e em particular as últimas semanas, têm sido férteis em iniciativas e notícias animadoras relativamente ao Acesso Livre à literatura científica e aos repositórios institucionais em Espanha (a maioria das quais desenvolvidas em Madrid e impulsionadas por Alicia Lopez Medina- que mantém o Blog Open Access) .



Como não tive oportunidade de ir registando todos os desenvolvimentos à medida que eles aconteceram fica neste post uma breve síntese dos que considero mais importantes:

- Foi divulgado o portal nacional de repositórios de Espanha - Recolecta : Recolector de Ciencia Abierta. O portal Recolecta, uma iniciativa conjunta da Red de Bibliotecas Universitarias (REBIUN) e da Fundación Española para la Ciencia y la Tecnología (FECyT), é o segundo portal "meta-repositório" de Espanha, depois do portal e-ciencia integrado nas iniciativas Madrid+d da Comunidad Madrid, que funciona há quase um ano;

- A Comunidad Madrid adoptou uma política/mandato de Open Access, na convocatória para financiamento de grupos e projectos de investigação no âmbito do CSIC (o Consejo Superior de Investigaciones Cientificas). De acordo com o ponto 4.3 dessa convocatória (cujo texto integral se pode ler aqui) cada "grupo de investigación deberá facilitar la publicación en abierto de sus resultados de investigación en el repositorio institucional: Digital.CSIC"

- A Universidad Rey Juan Carlos I adoptou também uma política mandato de Acesso Livre, através de uma Resolução do seu Reitor, datada de 20 de Maio, em que se estabelece que " el grupo de inves­tigación deberá facilitar la publicación en abierto de sus resultados de investigación en el repositorio institucional “BUniversidad Rey Juan Carlos-DIGITAL”, (http://eciencia.urjc.es/dspace/) de la Universidad Rey Juan Carlos que cuenta con el apoyo de la Comunidad de Madrid, realizando el autoarchivo o aportando una copia digital de los documentos de trabajo, resultados de experimentos, comunicaciones a congresos, artículos científicos, etcétera, que se vayan generando a medida que avance la investigación". O texto integral da resolução pode ser lido aqui.

- Finalmente, foi hoje mesmo divulgado um novo repositório espanhol, desta vez para recursos educativos abertos. O repositório Agrega é financiado por vários ministérios do governo espanhol e os governos das comunidades autónomas e tem como destinatários os alunos e professores do ensino secundário e primário. Não sendo um repositório científico, é no entanto mais um sinal da afirmação generalizada do acesso livre ao conhecimento.


Quanto a casamentos não me posso pronunciar, mas os ventos de acesso livre que sopram de Espanha são definitivamente bons!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Primeiro mandato de Acesso Livre na Finlândia


Foi hoje anunciado o primeiro mandato institucional de Acesso Livre na Finlândia. Considerando que "Open access to output of publicly funded research enhances the visibility and the impact of the work of the University as well as of individual researchers", por decisão unânime da sua equipa dirigente, a Universidade de Helsínquia "requires that researchers working at the University deposit copies of their research articles published in academic research journals in the open repository of the University".

Está disponível uma versão em inglês do texto integral da decisão.

Este mandato, que parece claramente inspirado nas recomendações da EUA (de que já dei conta noutro post), é obviamente mais uma excelente notícia. No entanto, é estranho que ele só seja efectivo (obrigatório) a partir de 1 de Janeiro de 2010. Estou certo que não seriam precisos 18 meses para o implementar!

Lobbying da Elsevier


Através do Blog Open Access News tomei conhecimento da notícia de que a Elsevier (o grupo que controla uma fatia importante do mercado da publicação científica) gastou 790,000 dólares, apenas no primeiro trimestre deste ano, para fazer lobyying junto das instituições federais americanas relativamente a vários assuntos, nomeadamente o mandato do National Institutes of Health de acesso livre à investigação por si financiada. Relativamente a este assunto, a Elsevier fez lobying junto do Congresso, da própria NIH e da Health and Human Services Department.

Se tomarmos em consideração que a Elsevier desenvolve também uma intensa actividade de lobying junto de instâncias da União Europeia (e de pelo menos alguns estados membros), e que os 790,000 dólares são apenas as despesas do primeiro trimestre de 2008, facilmente podemos concluir que a companhia deverá despender uma quantia entre os 5 e os 10 milhões de dólares em actividades de lobying, por ano.

Os defensores do acesso livre não têm este poder económico. Como notou Peter Suber, tudo o que temos são bons argumentos!

Por outro lado, não é estranho que a Elsevier lute pelos seus interesses, investindo significativamente para preservar o "status quo" actual , tentando prolongar e manter (enquanto for possível) um sistema e um mercado de publicação científica que domina e que lhe gera muitos lucros.

O que é estranho é que os cientistas e académicos (bem como as instituições para as quais trabalham) estejam a demorar tanto tempo a perceber que o "status quo" actual, para além de anacrónico e prejudicial aos seus interesses individuais e aos interesses do progresso científico, pode ser realmente alterado.

No caso concreto da Elsevier, o que é realmente estranho é que os cientistas e académicos mais depressa "diabolizem" a empresa (nem sempre com razão), do que aproveitem a possibilidade, que a própria Elsevier lhes permite de disponibilizar em acesso livre, através de repositórios institucionais, os artigos que publicam nas revistas desta empresa (recordo que a Elsevier é um editor "verde" na classificação do projecto ROMEO).

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Rumo ao futuro


Foi divulgada a primeira versão (beta) das especificações e documentos de implementação do OAI-ORE.

Estes são os primeiros documentos que resultam do projecto da Open Archives Initiative (OAI), designado Object Reuse and Exchange (OAI-ORE), cujo objectivo é o desenvolvimento de normas para a identificação e descrição dos designados objectos digitais complexos ou compostos - agregações de recursos informativos distribuídos combinando diferentes tipos/formatos como texto, imagens e dados.

O estabelecimento desta normalização é indispensável para permitir o desenvolvimento de aplicações que permitam a manipulação e gestão desses objectos digitais compostos. E tal como sucedeu com a definição do protocolo OAI-PMH, se a motivação principal e a primeira área de aplicação será provavelmente a académica e científica (nomeadamente o sistema de comunicação científica), o potencial de aplicação do OAI-ORE é muito mais amplo.

Na discussão e definição do OAI-ORE estiveram envolvidos vários especialistas do mundo científico, da publicação, das bibliotecas digitais. No entanto, os dois principais mentores são Carl Lagoze e Herbert Van de Sompel, nomes que só por si indiciam a importância da iniciativa (basta recordar que Van de Sompel foi o criador dos OpenURL e co-autor, com Lagoze, do OAI-PMH).

É pois um vislumbre aos repositórios e sistemas de informação do futuro, quando, do ponto de vista social, ainda não conseguimos aproveitar integralmente as potencialidades das normas e protocolos criados há quase 10 anos (o OAI-PMH foi criado a partir de uma reunião em Santa Fe em 1999 e a primeira versão do protocolo foi tornada pública em Janeiro de 2001).

Faltam ainda muitos objectos "simples" (nomeadamente as publicações científicas como os artigos de revistas e comunicações a conferências) aos actuais repositórios!

terça-feira, 27 de maio de 2008

RepositóriUM continua no top dos repositórios mundiais

Foi hoje publicada a nova edição do Ranking Web of World Repositories, inserida no Webometrics Ranking of World Universities, elaborado pelo Centro Superior de Investigaciones Científicas, o maior organismo de investigação científica de Espanha, que pretende medir o impacto e a visibilidade das universidades na Web.

Nesta nova edição , o RepositóriUM mantém o 11º lugar em termos mundiais absolutos (que já ocupava no primeiro ranking publicado em Janeiro de 2008), apesar das alterações do universo de repositórios em análise e das mudanças na metodologia de cálculo do ranking.

Aliás, o repositório institucional da Universidade do Minho, manteve ou reforçou até a sua posição em termos relativos nesta nova versão. De facto, considerando apenas os repositórios institucionais, ou seja excluindo os repositórios temáticos e/ou colectivos (como o Arxiv, Social Science Research Network, Research Papers in Economics, E-Lis e CiteSeer), que ocupam os primeiros lugares por congregarem as publicações de milhares de autores de múltiplas instituições, o RepositóriUM ocupa o 6º lugar em termos mundiais, o 4º em termos europeus e o 1º a nível nacional (em termos nacionais, para além do RepositóriUM no Top 300 apenas consta o Depósito de Teses e Dissertações da Biblioteca Nacional na 185ª posição).

São portanto resultados muito animadores para a Universidade do Minho e para toda a equipa dos Serviços de Documentação. E são um estímulo para melhorar e aumentar o nosso trabalho, garantindo que continuamos a potenciar a visibilidade da produção científica originada na U.M.

Mas desde já é necessário ter a consciência que, a prazo, será impossível que o RepositóriUM continue a ocupar estes lugares de topo a nível mundial, à medida que as Harvards e Oxfords deste mundo começarem a "povoar" os seus repositórios (o que já está a começar a acontecer). Não é possível que o repositório da universidade que ocupa a 333ª posição no Webometrics Ranking of World Universities, ocupe por muito tempo o 11º lugar (e o 4º lugar entre universidades) no Ranking Web of World Repositories.



quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ai Portugal, Portugal..

Foi hoje divulgado o Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) em 2007, e repete-se o que já se vem sabendo, ano após ano: Portugal é o país com maior desigualdade (onde a repartição de rendimentos apresenta maior disparidade) da União Europeia , ultrapassando mesmo o nível de desigualdade dos Estados Unidos (cujo nível de desigualdade é maior que todos os restantes países europeus).





Um vergonhoso, mas não surpreendente, primeiro lugar nas desigualdades

Sem surpresa, no extremo oposto, ou seja com menos desigualdade na distribuição do rendimento, encontram-se a Suécia e a Dinamarca. Apesar de se constatar que os países com um PIB per capita mais elevado são também os que têm menos desigualdade, o estudo revela que existe um número significativo de pobres em todos os países europeus, estimando-se que mais de 23 milhões de europeus vivem com um rendimento de menos de 10,00€ por dia.

Portugal, que já era o país mais desigual em 2000, não só continuou a sê-lo, como se agravou a desigualdade, tal como medida pela UE (passando de 37(?) para 41 no coeficiente de Gini).

Mau em 2000, pior em 2004...


Portugal continua a ser também um dos países onde uma maior percentagem da população vive com um rendimento muito abaixo da média da UE: 45 % dos portugueses têm um rendimento inferior a 60 % do rendimento médio europeu, 33% dos portugueses têm um rendimento que é metade da média europeia, e 22% dos portugueses vivem com menos de 40 % do rendimento médio europeu.

Estes são dados eloquentes! Não apenas a profunda desigualdade que vivemos hoje, mas sobretudo o facto destes dados confirmarem que a situação não tem melhorado nos últimos anos.


Estes são dados que valem por mil discursos piedosos (o adjectivo hipócrita talvez fosse uma melhor escolha), e que revelam que apesar (ou melhor, em resultado) de todos os discursos de sucessivos governos do chamado "arco governativo" (do PP ao PS), dos fazedores de opinião, e da comunicação social que os difunde repetida e acriticamente, o resultado das políticas nas últimas dezenas de anos é o que se pode designar como "efeito Mateus" (do Evangelho segundo S. Mateus): cada vez mais para quem já é abastado e cada vez menos para quem já tem pouco. As políticas medem-se pelos resultados que produzem e não pelos discursos que as promovem!


Estou certo que um estudo sério (usando os dados disponíveis para as últimas décadas) sobre o fenómeno do rendimento (PIB, salários, poder de compra, etc.) e da desigualdade (social, mas também regional) em Portugal, correlacionando-o com outros factores como a educação (investimento, resultados, nível de escolaridade, etc.), investimento em ciência e tecnologia, percentagem de licenciados, distribuição regional dos investimentos públicos, etc. permitiria revelar a forte relação causal entre as políticas dos governos dos últimos 25 anos e a manutenção ou crescimento das desigualdades em Portugal.


Claro que depois de algum sobressalto sobre mais este relatório durante alguns dias (ou, sendo optimista, algumas semanas), de algumas reacções de "choque" e "vergonha" (dos que agora estão na oposição) e de algumas justificações e promessas dos que estão no governo, a questão será novamente esquecida... Até que o próximo relatório divulgue dados semelhantes, e os mesmos de sempre (dos dirigentes políticos aos comentadores e "opinadores") voltem a verter lágrimas de crocodilo!

Como canta o Jorge Palma, "Ai Portugal, Portugal/De que é que tu estás à espera..."

terça-feira, 20 de maio de 2008

Verde Irlanda



O mês de Maio tem sido particularmente verde (no que ao Acesso Livre diz respeito) na verde Irlanda, com importantes desenvolvimentos na chamada "via verde" (auto-arquivo em repositórios) para o Acesso Livre.


Depois do mandato do Irish Research Council for Science, Engineering and Technology (que não tínhamos registado aqui), do projecto de mandato (neste momento em fase de discussão e comentário) do Science Foundation Ireland e de dois novos repositórios, foi realizada a divulgação oficial (notícia no blog Open Access News do Peter Suber) do projecto IREL-Open.

Este projecto, que já decorre desde Abril de 2007, tem a duração de 3 anos, apoiando a constituição de repositórios nas universidades irlandesas e a criação de um portal de pesquisa nacional. Aqui fica a transcrição da informação oficial do projecto:

Irish universities have received government funding to build open access institutional repositories in each Irish university and to develop a federated harvesting and discovery service via a national portal. It is intended that this collaboration will be expanded to embrace all Irish research institutions in the future.

This is a three-year project starting in April 2007, directed by the Irish Universities Association and managed by the Irish Universities Association Librarians' Group (...).

Em Portugal, apesar dos esforços de várias pessoas e entidades (a Universidade do Minho, o CRUP, etc.), desde Junho de 2006 (!) - altura em que foi apresentada uma proposta semelhante, para um projecto de dois anos, com vista à constituição de repositórios em todas as universidades, à criação de um portal nacional (meta-repositório) e de um serviço de alojamento central de repositórios - ainda estamos no ponto de partida.

E apesar de notícias e indicações positivas no primeiro trimestre deste ano, parece que afinal não vamos ter um projecto como o irlandês (apoiando a constituição descentralizada de repositórios em todas as universidades)...

Os "milagres", de que em Portugal tanto se gosta de falar e apontar como modelos, na Irlanda, na Finlândia, ou em qualquer outro país do mundo, requerem visão, iniciativa e coragem política!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um pequeno passo no Brasil...


Fiquei a saber, através do Blog do Kuramoto, que o Projeto (ainda não é o reflexo do acordo ortográfico, mas apenas a referência ao processo legislativo no Brasil) de Lei , foi aprovado por unanimidade na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.

O PL 1120/2007 (
versão integral em PDF),dispõe sobre o processo de disseminação da produção técnico-científica pelas instituições de ensino superior no Brasil, obrigando-as "a construírem os repositórios institucionais para depósito do inteiro teor da produção técnico-científica do corpo discente e docente".

A aprovação do PL 1120/2007 pela CTTI com "complementação de voto" ou seja com uma alteração, que não belisca o essencial da lei, é no entanto apenas o primeiro passo de um caminho que promete ser longo. De acordo com a explicação do Hélio Kuramoto, o projecto terá ainda de passar por mais uma comissão da Câmara dos Deputados, depois por comissões do Senado e finalmente ser promulgado pelo Presidente da República.

A aprovação de um "mandato nacional" de auto-arquivo será de uma enorme relevância, dado que, juntamente com a Índia e a China, o Brasil é uma das potências emergentes também do ponto de vista científico. Esperemos que os próximos passos sejam mais rápidos, e sobretudo que o percurso do PL 1120/2007 se conclua com êxito e sem alterações que lhe reduzam a eficácia.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Vídeo sobre Acesso Livre à literatura científica

Um estudante de Direito da Universidade de Harvard divulgou um vídeo sobre o Acesso Livre à literatura científica. Trata-se de um trabalho académico, para a disciplina The Web Difference, que naturalmente dá particular realce aos aspectos legais da questão.



Open Access to Scholarly Publications from Sean Kass on Vimeo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Mais um sinal dos tempos: mandato de auto-arquivo da Harvard Law School

Foi ontem anunciado mais um mandato de auto-arquivo da Universidade de Harvard. Depois da política definida pela Harvad Faculty of Arts and Sciences, foi a vez da Harvard Law School ter aprovado, por unanimidade dos seus membros, um mandato de auto-arquivo das suas publicações científicas.


Tal como a política da Faculty of Arts and Sciences, em que a resolução da Law School se baseia, é requerido não apenas a entrega/depósito dos artigos, mas também a transferência, não-exclusiva, do copyright para a Universidade. A parte substantiva da resolução é a seguinte:

(...)
Each Faculty member grants to the President and Fellows of Harvard College permission to make available his or her scholarly articles and to exercise the copyright in those articles. More specifically, each Faculty member grants to the President and Fellows a nonexclusive, irrevocable, worldwide license to exercise any and all rights under copyright relating to each of his or her scholarly articles, in any medium, and to authorize others to do the same, provided that the articles are not sold for a profit. The policy will apply to all scholarly articles authored or co-authored while the person is a member of the Faculty except for any articles completed before the adoption of this policy and any articles for which the Faculty member entered into an incompatible licensing or assignment agreement before the adoption of this policy. The Dean or the Dean’s designate will waive application of the policy to a particular article upon written request by a Faculty member explaining the need.
Each Faculty member will provide an electronic copy of the final version of the article at no charge to the appropriate representative of the Provost’s Office in an appropriate format (such as PDF) specified by the Provost’s Office no later than the date of its publication. The Provost’s Office may make the article available to the public in an open-access repository.
(...)



A exigência de transferência do copyright não é uma condição indispensável para a definição de mandatos de auto-arquivo, e não será realista para "universidades normais" (ou seja universidades sem o peso académico, científico e também mediático das Harvards, Yales, Oxfords e Cambridges deste mundo), mas é certamente um fantástico passo em frente.

Para além disto, este segundo mandato da Harvard Law School é um sinal muito encorajador e positivo por duas razões adicionais:
1 - Por ter sido aprovado por todos os membros da Faculdade, ou seja é um mandato decidido de baixo para cima, e não de cima para baixo;
2 - Por ser de uma escola de Direito, que como todos sabemos, tem sido das áreas científicas mais "conservadoras" e resistentes no que diz respeito ao Open Access. A decisão de uma escola de Direito com o prestígio de Harvard facilitará certamente o progresso do Acesso Livre em muitas outras escolas e faculdades de todo o mundo.

Esta histórica decisão de Harvard é pois um importante sinal dos tempos esperançosos que vivemos neste domínio, mais um indício que estamos próximos do ponto de viragem (penso que o de não-retorno já foi atingido).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Pokemon e as bibliotecas


Através do blog The Shifted Librarian, fiquei a saber que pelos vistos o Pokemon ensina as crianças a respeitar e a valorizar as bibliotecas, ensinando-lhes que elas não são apenas locais que guardam livros.

Isso é indiscutivelmente algo de positivo. A questão é saber se, daqui por quinze ou vinte anos, quando as crianças que hoje jogam o Pokemon forem adultas, as "bibliotecas vivas" (expressão que assim "roubo" à Luísa Alvim e ao seu blog) ainda serão um espaço, como os que conhecemos, dominado pelos livros (objecto físico), ou um espaço onde "também ainda existirão livros"...

Como diria o João Pinto, "prognósticos só daqui por quinze anos"...


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Estudo sobre os sistemas de gestão de bibliotecas

Foi divulgado no início da semana um novo estudo sobre os sistemas de gestão de bibliotecas (LMS - Library Management Systems) no Reino Unido. Promovido pelo JISC e pelo SCONUL pode ser lido/descarregado aqui.

Ainda não tive oportunidade (e desconfio que nunca terei) para ler as suas 157 páginas. Mas já li o Sumário Executivo (7 páginas) o Resumo do Relatório (10 páginas) e algumas outras páginas na diagonal. Li ainda o Briefing Paper intitulado Library Management Systems: investing wisely in a period of disruptive change, que aparentemente já tinha sido publicado há duas semanas.

O estudo apresenta 3 conclusões gerais e aponta algumas recomendações-chave para as bibliotecas. As principais conclusões são que o mercado inglês é maduro e dominado por quatro vendedores (ExLibris, Innovative, SirsiDynix and Talis) que têm cerca de 90% de quota de mercado, que o OPAC tradicional será cada vez mais posto em causa e os LMS podem ficar confinados às operações de "backoffice", e que as respostas tecnológicas passam pelo desenvolvimento de interfaces abertos dentro da arquitectura Service Oriented Architecture e pelo desenvolvimento de modelos da Web 2.0.

Quanto às recomendações, permito-me destacar a afirmação de que poderá não ser boa ideia investir na aquisição de um novo sistema de gestão de bibliotecas, mas que é ainda pior não fazer/mudar nada. Assim, em vez de mudar de sistema, as bibliotecas podem e devem investir em renegociar os contratos de manutenção actuais, e aumentar o valor que pode ser produzido pelo LMS, promovendo a interoperabilidade e a integração dos LMS com/nos outros sistemas das universidades.

O estudo não aprofunda a questão do futuro das bibliotecas universitárias, mas não deixa de referir que essa é uma questão importante, uma vez que vivemos num período de transição e incerteza quanto à configuração das bibliotecas no contexto das universidades nas próximas décadas. É óbvio que aquilo que devemos querer, e fazer acontecer, nos sistemas de gestão das bibliotecas está dependente do que serão essas bibliotecas, e do tipo de serviços que devem oferecer.

Este estudo aborda outra questão que, em minha opinião, é de grande relevância. A utilização dos serviços das bibliotecas (os OPACs, os portais de pesquisa ou o acesso a serviços/produtos externos através de páginas das bibliotecas) produz um conjunto de dados que as bibliotecas não estão a aproveitar adequadamente.

De facto, não estamos verdadeiramente a "ouvir" o que dizem os nossos clientes. Para além de dados globais de uso (acessos, sessões, pesquisas, downloads,para além dos empréstimos, entradas/saídas nas instalações e outras métricas de uso "físico"), que geralmente recolhemos para os relatórios de actividades, e que muitas vezes nem têm grande significado, não estamos a tentar saber mais nada sobre a forma como os nossos utentes usam os recursos que lhes disponibilizamos.

Analisar e aproveitar os milhões de "cliques" que os utentes produzem nos nossos sistemas (como a Amazon e o Google fazem de forma brilhante), bem como a informação contextual relevante (como os departamentos/cursos/disciplinas a que os utentes estão ligados) que em muitos casos já possuimos, para criar e oferecer serviços de valor acrescentado - como serviços personalizados, serviços de recomendação, redes sociais, etc. - é certamente um caminho a explorar.

Ligar tudo isto com os motores de pesquisa (que temos de transformar em aliados, pois a alternativa não é nada favorável...) e a designada "pesquisa vertical" é um desafio adicional.

Ameaças ou oportunidades no horizonte? O tempo dirá, mas as oportunidades exigem que as aproveitemos desde já!

 
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