sábado, 28 de março de 2009

Caminhada e duplo aniversário do Cibertecário

Este blog assinala hoje o seu primeiro (e o segundo, como explico em baixo) aniversário. Espero que seja o primeiro de muitos.

Também hoje decorreu a caminhada de bloguistas BAD&LIS, organizada pelo rato de biblioteca, Pedro Príncipe. Não fomos muitos, mas fomos bons!

Para assinalar estes acontecimentos, registo aqui uma versão escrita, reconstruída de memória e abreviada, do "post" que proferi (sem texto escrito) na caminhada. Deixo também algumas fotos de um belo dia de sábado, pelas serras de Arouca.






O grupo de caminheiros com Drave ao fundo

Os blogs: antes de mais uma atitude pessoal

O Pedro Príncipe sugeriu-me como tema do meu post “Blogs: antes de mais uma atitude pessoal”. Mas antes de falar sobre esse assunto, gostaria de assinalar aqui que esta caminhada, por feliz coincidência (que aqui não é palavra completamente adequada), assinala um duplo aniversário. O Cibertecário 0.2 faz hoje, 28 de Março, um ano, e amanhã, 29 de Março, fará dois. Expliquemo-nos!

O blog completa hoje um ano de existência, 56 posts depois da Declaração da Cibéria, emitida em 28 de Março de 2008. Mas a decisão de o criar foi tomada numa já célebre sessão no 9º Congresso da BAD nos Açores, em 29 de Março de 2007.

Assim, é com muita satisfação que partilho este dia de aniversário e esta caminhada com alguns dos que contribuíram para a minha decisão de criar o blog , e que são seus leitores. Neste dia e nesta serrania, a Web 2.0 encontra a realidade telúrica!

Quanto à atitude pessoal por detrás do Cibertecário, desejo fazer apenas um breve comentário. Julgo que a minha decisão de criar o blog se pode resumir em duas palavras: reflexão e comunhão.

Em primeiro lugar, a criação do Cibertecário 0.2 foi o instrumento para me obrigar não só a reflectir sobre os assuntos profissionais com que me confronto, ou sobre os eventos em que participo, mas sobretudo a dar-lhe a forma do registo escrito. Esse registo escrito é útil quer para ajudar a organizar as ideias, quer (descubro-o com frequência) para referência futura.

Em segundo lugar, a criação do blog inscreve-se, no meu percurso pessoal, na continuidade de várias outras experiências e atitudes de comunhão e partilha das minhas vivências, gostos e opiniões. Como o meu trajecto profissional me tem proporcionado o contacto com pessoas de excelência, do ponto de vista pessoal e/ou profissional, e a participação em inúmeras organizações e eventos nacionais e internacionais, sinto ser meu dever partilhar, com os meus colegas de profissão, o enriquecimento que essas experiências me ofereceram.

Acresce que sendo o Cibertecário 0.2 especializado na temática do Acesso Livre ao Conhecimento esta dimensão de comunhão e partilha é simultaneamente um imperativo ético e uma orientação estratégica de “proselitismo”, ou de “evangelização”, como a tenho designado.

Para terminar, confesso que estou um pouco surpreendido por ter (quase) cumprido a promessa de um post mensal (só faltou Setembro) e pelo número de posts produzidos (56). Mas ainda mais surpreendido, por ter evoluído do blogging em 2008, para o micro-blogging do Twitter em 2009. Mas isso será tema para outro post e outra caminhada…

Covêlo de Paivó

Primeiro post entre Covêlo de Paivó e Drave

A caminho de Regoufe

Regoufe

Outra vista de Regoufe

Poucos, mas bons!

Novos posts, em Drave

Vista parcial de Drave

P.S. - O Fernando Vilarinho já disponibilizou entretanto mais fotos no Fickr

P.S.2 - O Pedro Príncipe colocou no seu canal do Youtube um vídeo com o meu "post", e eu o post de adrian&pandora, Gaspar Matos, lido pelo Pedro Príncipe. Ambos estão aqui inseridos.






quarta-feira, 25 de março de 2009

10º Congresso da BAD vai ser em Guimarães


Foi ontem anunciado que o 10º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas vai decorrer nos dias 7, 8 e 9 de Abril de 2010, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.

A realização do Congresso BAD em Guimarães é algo que me dá muita satisfação, e alguma preocupação (uma vez que fui convidado e aceitei integrar a Comissão Organizadora) pelo trabalho que implicará. Mas estou certo que tudo correrá bem, numa cidade e num Centro Cultural que reúnem boas condições para receber este evento.

Ainda não há informação sobre os calendários para a apresentação de trabalhos, inscrições e outros aspectos práticos, mas estão desde já todos convidados para visitar a bela cidade que me adoptou na primavera de 2010!

sábado, 21 de março de 2009

2ª Caminhada de bloguistas BAD&LIS


28 de Março de 2009 - Um dia de caminhada entre aldeias mágicas e rios de ouro, com posts e comentários qb

Programa
“Um dia de caminhada entre aldeias mágicas e rios de ouro, com posts e comentários qb”


Local de encontro: Arouca, Câmara Municipal


09h30 – em frente à Câmara Municipal de Arouca
10h00 – Saída de Arouca (Arouca - Covelo Paivó)
10h30 – Início da caminhada

1ª etapa »» Covêlo de Paivó »» Regoufe [4 km]

(...) avistando o Rio Paivó:
1º post – Blogs: antes de mais uma atitude pessoal
por Eloy Rodrigues [cibertecário 0.2] e Gaspar Matos [adrian&pandora]
12h30 – Almoço em Regoufe 2ª etapa »» Regoufe »» Drave [4 km]
(...) avistando a aldeia mágica
2º post – Blogs... como exercício profissional
por Lino Oliveira [web 2.0 pt], Pedro Penteado [notas soltas] e Nuno Marçal [o papalagui]
16h00 – Lanche em Drave 3ª etapa »» Drave »» Regoufe [4 km]
(...) avistando montes agrestes
3º post – Blogs... o ponto de partida da biblioteca 2.0
por Luísa Alvim [viva biblioteca viva] e Fernando Vilarinho [bibliotecas em portugal]
19h00 – Regresso

Para mais informações e "inscrições" contactar o organizador da iniciativa, Pedro Príncipe do blogue Rato de Biblioteca.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mandato de Open Access para todo o MIT


A notícia chegou-me, via Twitter, ontem às onze da noite. Ainda não estava confirmada, e não era ainda conhecida pelos "pais" e "gurus" (Stevan Harnad e Peter Suber) do Open Access que contactei imediatamente. Não tendo recebido confirmação ontem à noite, hoje de manhã procurei avidamente no meu correio, e lá estava a mensagem a confirmar a notícia: o corpo docente do MIT tinha votado por unanimidade uma política de Open Access que requer o depósito de todas as publicações no momento da sua publicação.

O texto da notícia ainda não está acessível no site do MIT, mas o texto da Press Release pode ser lido aqui e aqui.

Esta é uma excelente notícia, que me faz acreditar que talvez já tenhamos ultrapassado o ponto de viragem. Depois das "batalhas" ganhas desde o início de 2008 (mandato NIH, recomendações da EUA, mandatos de Harvard - presentemente 3 e mais 1 em discussão-, projecto piloto da União Europeia mandatando OA a cerca de 20% do FP7, mandatos de várias universidades europeias), o simbolismo desta "vitória" (o primeiro mandato de uma universidade no seu conjunto - os de Harvad têm sido parciais - a ser aprovado por voto dos seus membros), poderá assinalar que a "guerra" do acesso livre à literatura científica poderá já estar ganha.

Mas certamente existirão ainda muitas pequenas "batalhas" para travar, antes que nos possamos dedicar ao que realmente interessa: promover as formas mais ricas, eficientes e criativas de utilizar o vasto volume de informação científica que produzimos para o avanço da ciência e o progresso da humanidade!

Para já ficam os nossos parabéns e o nosso agradecimento aos docentes e investigadores do MIT

terça-feira, 17 de março de 2009

Apresentação de candidaturas ao Serviço de Alojamento de Repositórios Institucionais


Encontra-se aberto, até ao próximo dia 27 de Março, o período de apresentação de manifestações de interesse e candidaturas para criação de repositórios institucionais no Serviço de Alojamento de Repositórios Institucionais (SARI) do Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).

Informação mais detalhada está disponível aqui.

segunda-feira, 16 de março de 2009

International Repositories Workshop


Estou em Amsterdão, a participar no International Repositories Workshop, uma iniciativa conjunta da SURF, do JISC e do projecto DRIVER.

Como é indicado no subtítulo do Workshop (An international agenda for action on repositories infrastructure), o objectivo é promover o progresso e estabelecimento de redes de repositórios e de uma infraestrutura internacional de repositórios. Tentarei dar conta aqui das principais conclusões desta iniciativa num futuro post. Para já ficam apenas umas breves notas sobre este primeiro dia.

Em primeiro lugar, uma observação sobre o grupo de pessoas que aqui se reuniu: 110 pessoas da Europa, Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália (continuam a faltar pessoas da América do Sul e de África). Mas mais do que pelo número, o grupo impressiona pela relevância. Norbert Lossau não estaria a exagerar muito quando afirmou, no início dos trabalhos, que aqui estavam reunidos mais de 80% dos "líderes" das iniciativas relacionadas com repositórios.

Após a sessão inicial, o workshop continuou em 4 sessões e grupos paralelos: Organizational Structures, Repository Citation Services, Repository Handshake e Identification Infrastructure. Eu participei no grupo sobre as questões organizativas, que em duas sessões de cerca de horas foi debatendo os objectivos, o âmbito e o tipo de organização que é útil e possível, para promover a colaboração e a coordenação no domínio dos repositórios de Open Access à escala global.

Ao longo da discussão, foi várias vezes questionada a necessidade e viabilidade de uma organização, ou a opção de criar uma nova organização vs a utilização de organizações já existentes. Esta vozes mais cépticas vieram sobretudo de pessoas com ligação menos directa aos repositórios "no terreno" (ligadas a fornecedores de serviços ou investigação sobre repositórios e preservação). Este cepticismo ou oposição foi para mim um pouco surpreendente, mas algumas das questões colocadas foram relevantes e merecem reflexão.

Finalmente uma última nota: cerca de 20% dos participantes do Workshop estão a twittar sobre ele (hashtag #repinf09), tendo produzido várias centenas de Twitts durante o dia (repinfo09 foi um dos temas mais populares do Twitter durante a manhã). A partir dos Twitts produzidos durante o dia é possível ficar com uma ideia bastante aproximada das discussões que aqui ocorreram.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Fazer caminho caminhando (mas com dinheiro para o percurso)


Acabo de ler o artigo de Derek Law, no último número da Ariadne, intitulado "An Awfully Big Adventure: Strathclyde’s Digital Library Plan", em que descreve como e porquê a Universidade de Strathclyde decidiu dar prioridade aos conteúdos e serviços electrónicos em vez de a um novo edifício.

Derek Law é um dos bibliotecários universitários mais conhecidos e reconhecidos a nível mundial, apesar de trabalhar numa universidade que não é certamente das mais famosas. Já tive o prazer de me cruzar com ele uma meia dúzia de vezes em diversos eventos, e tivemos o privilégio de contar com a sua participação na 1ª Conferência Open Access, realizada na Universidade do Minho em 2005. A sua apresentação de então está disponível aqui.

Considero que o artigo é interessante para todos os que, por obrigação da função que desempenham ou simplemente por gosto, estão envolvidos no planeamento de bibliotecas ou reflectem sobre o futuro das bibliotecas e as estratégias adequadas para o enfrentar. Não porque ele contenha algo de verdadeiramente novo, do ponto de vista das ideias e dos conceitos (como o Derek Law reconhece), nem porque a solução definida para Strathclyde deve ser automaticamente aplicada noutros contextos. Ele é interessante porque revela a capacidade de colocar novas questões e sobretudo de passar à prática e arriscar percorrer os novos caminhos, à escala de uma universidade (e não apenas de pequenas secções, serviços ou projectos).

Esta capacidade para abrir o caminho caminhando, ou navegar "por mares nunca dantes navegados" exige dois requisitos que parecem não faltar na Universidade de Strathclyde:
  • visão estratégica, nomeadamente da direcção da biblioteca, para perceber que para além de se mudarem os tempos e as vontades, o mundo "[...] não se muda já como soía";
  • recursos financeiros para poder concretizar a mudança (e a Universidade de Strathclyde parece disposta a investir 3,3 milhões de libras, ou seja quase 4 milhões de euros, neste projecto).

Por cá, estou convencido que em várias bibliotecas universitárias (entre as quais, e sem falsas modéstias, coloco as da Universidade do Minho) existirá alguma visão estratégica e coragem para mudar. Mas com o "garrote" financeiro imposto pelo Ministério da Ciência da Tecnologia e do Ensino Superior às univesidades nos últimos quatro anos (e também com a falta de compreensão da importância estratégica das bibliotecas e recursos informativos para o desempenho das instituições, por parte de algumas lideranças universitárias), é muito difícil ousar e conseguir inovar!

Melhores dias virão (espero eu)...

 
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