quarta-feira, 10 de junho de 2009

Novo estudo sobre as vantagens económicas do Open Access















Desta vez foi na Holanda! A SURFfoundation acaba de anunciar o estudo "
Costs and Benefits of Research Communication: The Dutch Situation", que confirma as vantagens do Open Access (OA), que em português designamos Acesso Livre à literatura científica.

Trata-se de um follow-up do estudo australiano "Research Communication Costs, Emerging Opportunities and Benefits" e do estudo sobre o Reino Unido patrocionado pelo JISC "Economic Implications of Alternative Scholarly Publishing Models" (de que demos conta aqui, aquando da sua publicação em Janeiro). Tal como os anteriores, este estudo foi dirigido pelo Professor John Houghton do Centre of Strategic Economic Studies Victoria University, desta vez com a colaboração de Jos de Jonge e Marcia van Oploo da EIM Business & Policy Research na Holanda.

Foram novamente comparados 3 modelos: o modelo "tradicional" de assinatura/pagamento para acesso; a publicação em revistas Open Access (a designada via dourada); o auto-arquivo em repositórios OA (a designada via verde).


Ainda só tive oportunidade de ler o resumo, e olhar para os gráficos e tabelas do relatório completo, mas é claro que este estudo confirma as conclusões do realizado para o Reino Unido: apesar de existirem variações na dimensão da vantagem, seja qual for o modelo usado, e o âmbito da sua aplicação (à escala mundial, ou nacional) o acesso livre à literatura científica (Open Access) permite poupar recursos e tem vantagens económicas face ao modelo actual de assinatura (ou outra forma de pagamento no momento do consumo).


Os autores calcularam que em 2007 na Holanda o custo de cada artigo publicado no modelo actual foi de 17.046€ e que ele poderia ser de 15.857€ com publicação em OA ou 15.331€ com o auto-arquivo em OA (incluindo serviços de publicação e margens comerciais). Se à redução de custos para as instituições (universidades e outras) que simultaneamente produzem e consomem literatura científica, somarmos as potenciais vantagens, para o sector de investigação, mas também para as empresas privadas e a economia em geral, do acesso a essa literatura por quem dela possa necessitar, as vantagens do Open Access são indesmentíveis.

Em Janeiro de 2009, no final do meu post sobre o estudo do JISC escrevi:

"As conclusões do estudo reforçam a demonstração de que o Open Access não é uma questão "ideológica" ou de "má-vontade" contra o negócio privado da publicação científica (existirão certamente novas oportunidades de negócio no ambiente de Open Access). É uma exigência de racionalidade e eficiência no funcionamento de um componente central do sistema científico.

Defender a manutenção do modelo de publicação tradicional (em nome da defesa das empresas que dominam este mercado e do emprego das pessoas que nelas trabalham) faz hoje tanto sentido como defender a manutenção dos níveis de consumo de combustíveis dos veículos produzidos nos EUA, em nome da salvação dessa indústria, quando toda a racionalidade económica (e ambiental) aponta para a conveniência da sua redução.

O problema é que, até agora, tal como a indústria automóvel dos EUA, também a indústria da publicação cientifica (seguramente com muito lobying, como já reportamos aqui) tem conseguido adiar e atrasar a adopção das soluções que são há muito possíveis e desejáveis."


A diferença hoje é que a indústria automóvel americana já foi obrigada a começar a mudar (ainda que de forma lenta e limitada) e começar a produzir carros menos consumidores e menos poluentes, enquanto o sistema de comunicação científica continua agarrado aos velhos paradigmas.

E a culpa não é apenas daqueles (editoras comerciais) que estão interessados no actual status quo. A responsabilidade é cada vez mais da inércia e/ou falta de lucidez e visão daqueles (investigadores, universidades, organismos financiadores da ciência) que são os primeiros interessados na mudança do modelo actual.

Sem comentários:

 
Creative Commons License
Cibertecário 0.2 by Eloy Rodrigues is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Partilha nos termos da mesma Licença 2.5 Portugal License.