sábado, 10 de abril de 2010

10º Congresso BAD: um balanço pessoal


Terminou ontem ao final da tarde o 10º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, que decorreu no Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, cidade que me acolhe há quase 10 anos, e que será capital europeia da cultura dentro de dois…

Como twittei ainda na mesa da sessão de encerramento, logo após o seu final, sentia-me cansado mas satisfeito com a forma como o Congresso decorreu. Depois de algumas horas de descanso, e antes que seja “sugado” para a voragem dos compromissos dos próximos dias (e do trabalho atrasado), é o momento de registar aqui algumas notas de balanço geral do congresso.

Devo confessar que estava um pouco receoso, mas julgo que o Congresso foi um sucesso (opinião que me foi transmitida também por algumas pessoas com quem tive oportunidade de falar no final) e acabou por superar as minhas expectativas. Como notas positivas gostava de destacar:
  • O nível geral das comunicações e das apresentações que me pareceu bom, e provavelmente ligeiramente superior ao de congressos anteriores;
  • O interesse e qualidade dos painéis. Participei em dois e assisti a um terceiro, e nesses três casos o nível das intervenções foi bom ou muito bom (com uma confrangedora excepção – ou, como diria o outro, vocês sabem do que estou a falar…) e o envolvimento de quem assistia no debate só não foi maior devido aos constrangimentos de tempo. Tive notícias também muito positivas de mais dois painéis em que não participei;
  • A inauguração de uma forte dinâmica 2.0 em torno do Congresso, na sua preparação e divulgação, durante a sua realização, e ainda neste momento pós-congresso (onde o blog está a servir para receber ainda comentários e sugestões relativamente às conclusões). Este “aggiornamento” é uma conquista que já não terá certamente recuo em próximos eventos, e espero que, pelo contrário, se estenda a toda a comunicação da BAD (e desde logo ao Website da Associação que é anacrónico sob vários pontos de vista);
  • O documento de conclusões que ainda foi possível elaborar e apresentar na sessão de encerramento, retomando uma tradição que tinha sido interrompida no 9º Congresso. Apesar de terem sido redigidas em contra-relógio (tal como as do 7º e 8º Congressos, recordando eu muito bem as condições em que foram escritas…), graças ao esforço da maioria dos membros do Conselho Científico, penso que o resultado final nos pode deixar satisfeitos. Espero que possam ainda ser melhoradas , com sugestões que os participantes do congresso podem enviar até ao dia 12.
Em contraponto com estas notas positivas, o Congresso também teve aspectos menos positivos a suscitarem algumas preocupações:
  • Em primeiro lugar a diminuição do número de participantes. Apesar de não se ter chegado a verificar a “catástrofe” que se chegou a temer, 450 participantes continua a ser um número baixo, não apenas comparativamente com congressos anteriores, mas também face ao universo de potencial participantes (que deve ser próximo dos dois milhares);
  • A reduzida participação na Assembleia Geral (cerca de uma centena), que espelha a situação de fraca participação na vida associativa, quer por apatia e desinteresse de muitos profissionais e membros da BAD, quer por deficiente comunicação da Associação com os seus membros (não foi definida e executada uma estratégia de divulgação da Assembleia nas sessões que decorreram na tarde em que esta se realizou). Tenho a esperança que o painel sobre a profissão no último dia, a informação transmitida pelo Presidente da BAD e o debate que se lhe seguiu, possam ter servido para acordar algumas consciências…;
  • A reduzida visibilidade mediática do Congresso, o que não ajuda a potenciar o eventual impacto político (aos diversos níveis) que ele poderia e deveria ter;
Mas estes três aspectos mais “sombrios” não ofuscam a impressão geral de um congresso vivo e de boa qualidade.

Finalmente, last but not least, o congresso foi a oportunidade de rever muitos colegas e alguns amigos (apesar de não ter podido conversar com a maior parte deles) e de uma boa cavaqueira, com bucho recheado (literal e metaforicamente…), com um velho amigo, companheiro e camarada de algumas grandes causas e de muitos pequenos nadas que fazem a nossa vida. Mesmo que o Congresso tivesse ficado aquém das minhas expectativas, o que não aconteceu, o SAL dessa amizade (ultimamente mantida quase só à distancia) já seria suficiente para recordar com satisfação estes dias em que Guimarães foi invadida por bibliotecários e arquivistas!



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desaparecido em combate...


Estou "silencioso" neste blog há mais de dois meses...

Estive verdadeiramente desaparecido em combate, pois este foi um período de intensa actividade, com muitas batalhas e sobretudo "raides relâmpago" que obrigaram a várias viagens.

Agora que vou reaparecer no Painel - Bibliotecas e web 2.0: as boas práticas e os desafios, e para não fazer figura de Frei Tomás, aqui fica o registo das coisas sobre as quais não consegui escrever aqui neste dois meses:

Espero que a participação no painel de hoje seja mais um estímulo para uma vida mais regular deste blog.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Testemunho sobre os Congressos BAD



Gravei este fim de semana este pequeno depoimento para a série de testemunhos sobre os Congressos BAD que foi criada no Youtube, como forma de dinamizar o 10º Congresso que se realiza em Guimarães, no próximo mês de Abril.

O meu depoimento é apenas um dos vários vídeos já disponíveis (e mais se seguirão nas próximas semanas). Julgo que no seu conjunto fornecem uma interessante panorâmica do que tem sido os Congressos Nacionais de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e do que representam para os profissionais de informação portugueses.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

10º Congresso BAD com forte dinâmica 2.0


O 10º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas que se vai realizar nos próximos dias 6, 7 e 8 de Abril em Guimarães passou recentemente a ter uma presença significativa na Web 2.0 e nas redes sociais.

O blogue do Congresso, a presença no Facebook e no Twitter, as áreas no Flickr e no Youtube, são ferramentas para a BAD divulgar e promover o 10º Congresso, mas são também úteis instrumentos para todos os potenciais participantes partilharem e obterem informação. E, tal como escrevi no blogue do Congresso, estas ferramentas podem e devem ser usadas para promover o debate e a reflexão (antes, durante e após a realização do Congresso) sobre os temas que preocupam os profissionais portugueses.

Espero ir-vos “encontrando” nas redes associadas ao Congresso nas próximas semanas, e vê-los presencialmente no Centro Cultural Vila Flor em Abril.
Bom Congresso!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Evangelizações Open Access: a hora dos Politécnicos


Depois de vários anos a realizar apresentações sobre o Open Access e os repositórios sobretudo em universidades, as minhas duas últimas "evangelizações" decorreram em politécnicos portugueses.

A primeira aconteceu em Bragança, ainda no ano passado (mas na altura não tive oportunidade de registar aqui), numa sessão intitulada "Depósito e Acesso à Informação Científica em Open Access. DeGóis – Sistema de Curricula Científicos", que decorreu no Instituto Politécnico de Bragança em 9 de Dezembro. Para além da minha apresentação de introdução ao Open Access, foi apresentado o estudo sobre o Open Access em Portugal, o projecto RCAAP, e o repositório do IPB (Biblioteca Digital do IPB -http://bibliotecadigital.ipb.pt/), que tendo sido criado já há alguns anos, passou a ser alojado no Serviço de Alojamento de Repositórios Institucionais (SARI) do RCAAP em 2009. Para além da componente do Open Access e da apresentação dorepositório, a sessão teve também a parte final dedicada ao sistema de curricula científicos DeGóis.

A última aconteceu ontem, 18 de Janeiro, no Instituto Politécnico de Castelo Branco, no âmbito da sessão de apresentação pública do Repositório Científico do IPCB (http://repositorio.ipcb.pt).
O repositório do IPCB é um dos mais recentes repositórios alojados no SARI.

Em cada uma das sessões participarem algumas dezenas de membros das instituições, e surgiram as dúvidas e questões habituais sobre o Open Access, os direitos de autor, etc. Mas o que retive também destas sessões foi a vontade da direcção destes institutos politécnicos avançarem com políticas institucionais, de carácter obrigatório, de auto-arquivo e Open Access.

Será que as sementes do Open Access vão frutificar mais rapidamente nos politécnicos do que nas Universidades?

domingo, 17 de janeiro de 2010

OpenAIRE: desafio e oportunidade


Participei na reunião inicial do projecto OpenAIRE - Open Access Infrastructure for Research in Europe, que se realizou em Atenas, e regressei com um misto de entusiasmo e preocupação.

Este é o terceiro projecto europeu, financiado no âmbito do 7º Programa Quadro para a Ciência e a Tecnologia, em que os Serviços de Documentação da Universidade do Minho participam (e iremos iniciar pelo menos mais um projecto em 2010). Mas o OpenAIRE, não é como os outros. É um projecto muito especial, não apenas pelo número de parceiros envolvidos (37 de 28 países), mas sobretudo, por se tratar de um projecto que resultou de uma necessidade da própria Comissão Europeia: criar uma infra-estrutura e mecanismos de suporte para implementar e monitorizar o seu projecto-piloto de Open Access, estabelecido em Agosto de 2008.

A política definida em Agosto de 2008 é um mandato de Open Access que se aplica a 7 áreas de investigação (energia, ambiente, saúde, partes das tecnologias de informação e comunicação, infraestruturas científicas, ciência na sociedade e ciências sociais e humanidades), correspondendo a aproximadamente a 20% do total de financiamento) do 7º Programa Quadro. Esta orientação traduziu-se numa nova cláusula (39) nos contratos estabelecidos entre a Comissão Europeia e as instituições que recebem financiamento para realizar investigação nessas áreas. A cláusula requer o depósito das publicações que resultem desses projectos num repositório (institucional ou temático) de Open Access, admitindo um período de embargo que não pode ser superior a 6 ou 12 meses dependendo da área.

A existência deste mandato da Comissão Europeia, e o estabelecimento de um projecto, envolvendo todos os estados membros, para facilitar e reforçar a sua aplicação constitui uma fantástica oportunidade, para fazer avançar o Open Access na Europa e dar um salto qualitativo e quantitativo relativamente à situação actualmente existente. O trabalho feito no âmbito do OpenAIRE terá repercussões muito para além do projecto ou mesmo do âmbito da ciência realizada com financiamento europeu.

A importância e o potencial impacto do OpenAIRE, e o facto de o projecto ter conseguido reunir, relativamente à maioria dos países (mas não a todos), alguns dos mais activos e experientes protagonistas (organizações e pessoas) das iniciativas relacionadas com o Open Access e os repositórios, deixam-me obviamente muito animado e entusiasmado.

Mas é também pela sua importância que o OpenAIRE é simultaneamente um projecto com uma grande responsabilidade. Não podemos dar-nos ao luxo de falhar. Para o bem, ou para o mal, o OpenAIRE terá um impacto determinante na evolução do Open Access na Europa nos próximos anos.

A minha preocupação com o sucesso do projecto resulta de duas circunstâncias. Em primeiro lugar, o grande número de parceiros, e sobretudo a grande diversidade de situações e experiências nacionais dos parceiros do OpenAIRE. Conseguir coordenar esta diversidade e obter um esforço convergente e eficaz não vai ser fácil, e constitui o primeiro desafio.

Em segundo lugar, a existência de algumas diferenças de perspectivas e opiniões entre os responsáveis pelo desenvolvimento técnico do projecto (infra-estruturas e serviços) e os parceiros (como nós) que são responsáveis ou integram a componente de suporte (helpdesk), coordenação, divulgação e promoção do projecto e do mandato da Comissão Europeia. Mais do que as questões técnicas, o que para mim está em causa é uma questão estratégica: se devem ser privilegiadas soluções distribuídas que não impliquem esforço adicional (ou pelo menos o minimizem) para os investigadores, ou se devem ser privilegiadas soluções “centrais” de depósito/registo que implicam trabalho adicional e contacto com novas interfaces para os autores da literatura que deve ser depositada .

No caso de serem privilegiadas o segundo tipo de soluções, julgo que o sucesso do OpenAIRE, e mais do que isso do projecto-piloto de Open Access da Comissão Europeia, poderão estar em causa. Na minha opinião isso seria um erro dramático, e daí a minha preocupação.

Mas tenho esperança que vamos conseguir consensualizar um caminho que nos permita aproveitar do melhor modo a grande oportunidade que o OpenAIRE constitui.

O site do projecto, que ainda está numa fase inicial de desenvolvimento, está disponível em: http://www.openaire.eu/.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Open Access na televisão portuguesa


O Open Access mereceu, finalmente, algum tratamento informativo na televisão portuguesa. A última edição do programa 4 x Ciência, gravada na passada quinta-feira e emitida pela primeira vez no sábado, dia 9 de Janeiro, teve como tema o Open Access e o projecto RCAAP. O programa está disponível no site da RTP, em formato VideoWMV e VideoFlash.

A iniciativa foi de um dos cientistas residentes do 4 x Ciência, o Prof. Guedes de Oliveira da FCCN, e para além da jornalista Sandra Inês Cruz (que conduziu o programa com grande profissionalismo e eficiência), teve como convidados o Presidente da UMIC, Prof. Luís Magalhães, e eu próprio.

Julgo que é um excelente sinal que iniciemos 2010 com um programa televisivo dedicado ao Open Access, mesmo que tenha sido apenas num canal por cabo ( dado que, infelizmente, a RTPN é única estação que tem na sua programação regular um espaço informativo sobre a actividade científica em Portugal).

Julgo que o programa resultou bem, foi informativo e esclarecedor. Por isso, tenho a esperança que ele seja mais um pequeno contributo para a divulgação do Open Access entre os investigadores portugueses, e que esta tenha sido apenas a primeira vez que o tema chega aos ecrãs televisivos.
 
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